Rui Rio quer Pontal aos anos 70 e não uma festa com camionetas para compor a moldura humana

Rui Rio Pontal
Rui Rio muda Festa do Pontal para uma mobilização mais genuina. É a 1 de setembro. Domingo, estará na Festa do PSD-M no Chão da Lagoa.

Rui Rio entrou no PSD com um discurso de mudança na forma de estar na política. Não se sabe se dará resultado, nem Rui Rio sabe, mas mantém-se firme nos seus propósitos de não recusar propostas só porque elas surgem de outro partido, ou aproveitar situações vulneráveis politicamente para ganhar votos através precisamente desse aproveitamento. É o que assiste na vida portuguesa, não é o que quer, como várias vezes tem reforçado.

Esta postura motivou inclusivé reações contrárias por parte de Luís Montenegro, o ex-líder do grupo parlamentar, que acusou Rio de estar a passar uma imagem de derrotismo no partido e que deve “arrepiar” caminho, dizendo mesmo que se instalou em Portugal a ideia que a questão põe-se no PS ter ou não a maioria absoluta. Rio não respondeu, disse não ter visto a entrevista de Montenegro, mas referiu que essa ideia de derrotismo está hoje esbatida e o PSD “está a fazer o seu caminho”.

Mas as últimas declarações à Agência Lusa, reproduzidas pelos jornais, vão no sentido dessa postura dita “diferente”, referem-se à Festa do Pontal, normalmente uma demonstração de força nacional do partido, aproveitando as férias de Verão e o facto de haver uma encente no Algarve, digamos que um Chão da Lagoa mais amplo. Rio vai acabar com o Pontal e pretende uma festa mais genuina, mais como começou, ao estilo anos 70, onde a mobilização correspondia à imagem real da dimensão do partido. Essa “nova” concentração, a 1 de setembro, tem jogo da malha incluído, segundo refere o DN Lisboa.

Rio diz que o Pontal começou “primeiro num comício, depois num jantar, para onde o partido carreava camionetas de militantes para compor a moldura humana e aparecer na televisão com uma imagem de força. Eu acho que não faz sentido nenhum, não só porque é dispendioso, como dá a imagem que depois não corresponde à realidade”. O que o líder do PSD quis dizer mesmo é que, normalmente, nestas manifestações de “demonstração de força” e “contagem de espingardas”, mobilizam-se meios para a imagem, sendo que no dia do voto essa dimensão nem sempre tem correspondência. E é isso que Rio pretende evitar, considerando que “a genuinidade é o que falta na política”.

Recorde-se que o presidente do PSD já está na Madeira, onde irá manter reuniões com o Governo Regional, durante a manhã de hoje, estando prevista a presença, domingo, na Festa do PSD-Madeira no Chão da Lagoa, mais ou menos um “Pontal moderno” à madeirense, num contexto em que as eleições regionais de 2019, um ano particularmente decisivo no próprio futuro de Rui Rio à frente do partido, estarão no centro dos discursos, designadamente do líder regional Miguel Albuquerque e certamente do próprio Rio.

Para o Chão da Lagoa estarão garantidas as tónicas assentes no cumprimento por parte do Governo Regional, do PSD, os entraves colocados pelo Governo da República em vários assuntos com a Madeira, além da candidatura de Paulo Cafôfo à presidência do Governo, no ato eleitoral do próximo ano, acusando o PS-M de estar a ser orientado desde Lisboa.