A Miséria dos Partidos que temos

O Parlamento votou hoje favoravelmente, baixando à especialidade, uma proposta do Bloco de esquerda e do PCP que visa castigar os senhorios no assédio aos inquilinos, no sentido de rescindirem os contratos de arrendamento.

No caso particular dos inquilinos terem mais de 65 anos as coimas previstas são agravadas em um terço.

Concordo com o assédio aos inquilinos, no plano do arrendamento? Claro que não!

Mas, a verdadeira questão, o busílis deste problema, não é efectivamente o assédio, que é claramente errado, pois os fins realmente não justificam os meios. Todavia, repetindo, a essência do problema é outra, totalmente diferente. E estes senhores da esquerda, ou lá o que sejam, pretendem atirar-nos areia para os olhos.

Fique bem claro que não estou a defender a direita!

A verdadeira questão, que é o problema dos senhorios, é que estes partidos pretendem que sejam estes mesmos senhorios a suportarem os custos sociais do arrendamento, custos estes sim que deviam ser da total responsabilidade do Estado.

Mas quem representa e age em nome do Estado? Não estamos a falar de alguma entidade etérea. São estes mesmos partidos que temos, representados e geridos, demasiadas vezes, por gente medíocre.

Mas fomos nós que votámos nesta gentalha.

Vamos concretizar. Sou daqueles que herdei uma situação destas, isto é, tenho um prédio arrendado por uma quantia irrisória, com um inquilino com mais de 65 anos.

Desejo a morte do inquilino? Não, obviamente que não!

Vou fazer assédio, como estes senhores designam? Não, obviamente que não!

O que efectivamente quero, eu e outros milhares como eu, é que se faça justiça. E como se pode fazer justiça?

O inquilino não tem capacidade financeira para suportar o aumento de renda de acordo com o mercado e a racionalidade do investimento. Muito bem! A sociedade não deve legalizar a selva.

Mas o Estado deve suportar o diferencial entre o que o inquilino pode realmente pagar e o preço de mercado.

Dito de outro modo, esta função social deve ser suportada pelo Estado e não pelo inquilino.

Portanto: em vez de promulgarem legislação tonta coloquem justiça no mercado do arrendamento. Mas isso significa dispêndio de meios financeiros e isso realmente não interessa a esta gente.

A justiça e a equidade não são as prioridades! É o dinheiro!