PCP quer comissão parlamentar para investigar quem ganha com o negócio do lixo hospitalar

O PCP denunciou hoje, em conferência de imprensa, que os “negócios com o ambiente” são “mais um dos exemplos de como, à custa do interesse público, o Governo Regional alimenta determinadas clientelas”. O coordenador do PCP-Madeira, Edgar Silva, referiu que quando o actual Governo Regional tomou posse, estava em construção uma unidade de tratamento térmico do lixo hospitalar. Já estava a ser concretizado junto ao Hospital Dr. Nélio Mendonça um edifício para a instalação de um equipamento, que corresponderia a um investimento comparticipado em 85% por fundos comunitários, com uma solução para o tratamento dos resíduos, correspondente a uma redução de avultados custos financeiros de milhares de euros.

Entretanto, disse Edgar Silva, foi suspenso aquele investimento. Entre outras alternativas, para os resíduos do grupo III chegaram a ser apontadas alternativas em parcerias com uma entidade pública – o SUCH – visando vantagens e poupanças.

“A verdade”, afirma, “é que a Região continua a ter custos elevadíssimos com aqueles resíduos. Só no expedir para o continente dos lixos hospitalares são gastos cerca de 50 mil euros/ano. Só nos contentores incineráveis a Região gasta mais de 400 mil euros/ano”.

Desde 2015 que o Governo Regional, que suspendeu um investimento que estava em andamento, promete uma solução alternativa que deveria permitir uma poupança de cerca de meio milhão de euros/ano. Em 2018, dizem os comunistas, tudo continua a ser adiado.

O PCP questiona, pois,”a quem serve este negócio do lixo? Quem está a lucrar neste esbanjamento de dinheiros públicos? A quem dá fortuna o lixo? Que clientelas estão a ser servidas pelo Governo Regional?”

Os comunistas lembram que em 2015, o Governo Regional comprometeu-se a apresentar uma alternativa, a curto prazo, para os resíduos hospitalares; em Março de 2016 o mesmo GR anunciou que, no limite máximo, no início de 2017 estaria concluído um projecto que permitiria uma grande redução de custos: no final do 1º. trimestre de 2017, como nada se concretizara, o Governo  Regional prometeu que até Setembro de 2017 tudo estaria concluído de modo a garantir a dita redução da despesa com a incineração dos resíduos hospitalares do grupo III. Ora, até ao final do primeiro semestre de 2018 “tudo está por fazer e, ao que tudo indica, ainda não será neste ano concluída uma saída para o problema”.

O PCP queixa-se, consequentemente, que durante quatro anos o Governo Regional se mostrou incapaz de fazer o necessário para poupar milhares de euros com o lixo hospitalar. Foi suspensa a obra para a construção do prédio que deveria receber o chamado “micro-ondas” junto ao Hospital Dr. Nélio Mendonça (em 2015); a Região perdeu a correspondente comparticipação dos fundos comunitários de um investimento de 1,8 milhões de euros; e a RAM gastou, desde 2015, cerca de 2 milhões de euros que, se fossem poupados, poderiam ter sido dirigidos para um útil investimento público.

“A verdade é que, se a Região está a perder, alguém estará a ganhar…”, assevera o PCP, que defende que deve ser constituída uma comissão parlamentar de inquérito para averiguar quem se está a aproveitar do “negócio do lixo”.