Brasil, Cuba e Cabo Verde prometem surpreender no Festival Raízes do Atlântico, na Praça do Povo

O Festival “Raízes do Atlântico promete, este ano, bastante diversidade. Contando já com dezoito edições completas, tem-se revelado uma referência no panorama musical regional, nacional e internacional, na vertente world music, contribuindo, de forma significativa, para o reconhecimento da Região e da sua oferta cultural, além fronteiras, diz a Secretaria Regional do Turismo e Cultura.

Organizado pelo Governo Regional – e a concretizar, pela primeira vez, na Praça do Povo, com entrada gratuita nos seus seis concertos – este Festival “celebra a “atlanticidade”, ou seja, a união de povos que se reconhecem entre si pelos sons e ritmos, retratando um rizoma comum, espelhando a simbiose sonora resultante das migrações dos povos atlânticos e da respectiva miscigenação”, refere uma nota à comunicação social.

Do programa para este ano, e além da participação de grupos e músicos portugueses e madeirenses, fazem parte artistas de renome internacional que garantem um cartaz de qualidade superior, enfatizando, precisamente, a “atlanticidade” de proveniências diversas, como Brasil, Cuba e Cabo Verde.

O Festival arranca com a primeira actuação desta quinta-feira à noite a levar ao palco a Associação Xarabanda, recentemente condecorada no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, encerrando, também, com chave de ouro, através do espectáculo da cantora brasilera Simone, em estreia absoluta na Região.

A programação, detalhadamente, é a seguinte, informa a SRTC:

Quinta-feira, dia 14 de Junho

Xarabanda (Madeira):

No ano em que pretende editar uma coletânea com a sua obra completa e após 37 anos de trabalho incansável – recolhendo, analisando, recriando e divulgando as tradições musicais da Região, a Associação Xarabanda, para abrilhantar a sua performance, apresenta-se com algumas novidades no repertório e na valorização do património imaterial.

Por forma a estar mais perto das suas raízes, este ano o grupo convida alguns cantadores de improviso da tradição musical madeirense que, em conjunto, irão interpretar alguns dos géneros mais característicos da nossa Região. Charamba, Bailinhos, Mouriscas, Jogos de Roda, Histórias Cantadas entre outros, são algumas das formas musicais que se farão ouvir.

Brenda Navarrete (Cuba):

É uma jovem cantora, percussionista, compositora e arranjista com uma base sólida de jazz latino e influências afro-cubanas, que abriu as suas asas para a World Music. Já trabalhou com uma série de artistas de renome, incluindo a trupe de percussão afro-cubana, Obini Bata, o músico de jazz Joaquin Betancourt, Alain Perez, Munir Hossn e, como cantora, com a internacionalmente aclamada banda “Interactivo”, liderada por Roberto Carcasses.

Sexta-feira, dia 15 de Junho

Brigada Victor Jara (Portugal Continental):

No início o canto era “de intervenção”, em versões de cantigas de José Afonso, Sérgio Godinho, Victor Jara, Quilapayum. O primeiro contacto com a Música Tradicional (ou Regional?, ou Popular?) teve-o no GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra), num ou noutro dos discos-de-capa-de-sarapilheira editados pelo Michel Giacometti, num ou noutro encontro com músicos ou cantadores populares.

A Brigada Victor Jara nunca pretendeu desempenhar o papel de “preservador” da memória musical do seu povo, nem iniciou o seu trabalho para atender a modas. Antes se foi ocupando a recontar as melodias apreendidas, misturando-as com os sons das suas próprias vivências. Desigual, a sua discografia é o resultado de um longo processo em que diversos músicos, atravessando o grupo na sua trajetória, vão dizendo de sua justiça, com uma preocupação central (e essencial na arte popular) – a de contar um conto, acrescentando-lhe um ponto.

Lura (Cabo Verde):

É uma representante da herança Cabo Verdiana, do seu povo, tradições e música, tudo refletido na arte do cantor mais melodioso e carismático de toda uma geração de artistas cabo-verdianos. O canto de Lura lembra-nos como a essência do multiculturalismo e da música crioula tradicional deram origem a um gênero vocal universal no coração do segredo mais bem guardado da África: Cabo Verde.

Sábado, dia 16 de junho

Terras da Vera Cruz (Madeira):

Enquadra-se na Lusofonia Atlântica, nas suas práticas musicais, ritmos, cultura e diversidade.

Entre músicas originais e arranjos de emblemáticos temas da Madeira, Açores e Cabo Verde, entrelaça também, na Viola de Arame, os ritmos do Brasil numa roupagem que pretende ser moderna nas harmonias mas verdadeira na expressão. Este é ainda o momento para celebrar os 600 Anos da Descoberta da Madeira do seu legado na construção da Lusofonia, de Portugal no Atlântico, das Ilhas Afortunadas e das Terras de Vera Cruz.

Simone (Brasil):

É uma das mais importantes, populares e premiadas cantoras do Brasil, sendo da sua responsabilidade a popularização de muitos temas de grandes compositores brasileiros como Ivan Lins, Chico Buarque, Gonzaguinha, João Bosco, Isolda, Sueli Costa, Paulinho da Viola, entre outros, incluindo no repertório mais atual composições de Zélia Duncan, Cássia Eller, Adriana Calcanhotto, Zeca Pagodinho e Lenine.

Foi considerada uma cantora de causas, como por exemplo com o tema “Começar de novo” que foi uma das primeiras músicas brasileiras feministas. Foi a primeira a interpretar “Caminhando”, após a abolição da censura no Brasil.

A sua versatilidade vocal permitiu-lhe interpretações ao lado de Pablo Milanés, Plácido Domingo, José Carreras e Júlio Iglesias, entre outros.

Foi considerada nos anos 80 a maior vendedora de discos de toda a década no Brasil, tendo sido três vezes nomeada para concorrer ao Grammy Latino.