“A Saúde na Madeira não está melhor, não vale a pena esconder”, diz Pedro Freitas da Ordem dos Médicos

Pedro Freitas (Ordem dos Médicos)
Pedro Freitas, presidente do Conselho Médico da Ordem: “Estão a dizer que está tudo tratado e nada está tratado”.

Novo hospital à espera de parecer favorável da Comissão de Acompanhamento das Políticas Financeiras, no sentido de ser considerado Projeto de Interesse Comum (PIC) e com isso garantir os tais 50% do financiamento do Estado. Não chega a promessa do primeiro ministro. Unidade de Saúde Familiar em curso, enquanto projeto acerrimamente defendido pelo Governo. Obras anunciadas em serviços, reabilitação dos Marmeleiros anunciada para breve. Um conjunto de situações a configurar que a Saúde parece, aparentemente, andar em frente, por um lado, e a travar, por outro.
Pedro Freitas, o responsável na Madeira pela Ordem dos Médicos, é de opinião que “não existem políticas estruturais, de fundo, que minimizem os problemas mais preocupantes”, sublinhando que “a Saúde na Madeira está  ser gerida com pequenos tratamentos, hoje é o dia do dedo, amanhã é o dia do cabelo, depois é o do sangue. Isto traduz-se em nada, há apenas uma intenção de transmitir medidas avulso na comunicação social, um pouco de show off, de promoção, mas o utente não está melhor, tanto em patologias para exames, como para consultas e para cirurgias”.
Pedro Freitas diz que “os números não desmentem. O Programa de Recuperação de Listas de Espera está a fazer aquilo que o programa normal já fazia. Só que agora estamos a gastar mais. Além de ter estado parado por falta de fundos. E isto deve ser alvo de abordagem séria, por se tratar de um problema sério”.
As obras nos Marmeleiros, cujo início foi recentemente apontado para 11 junho, constituem um foco a merecer reparo por parte da Ordem dos Médicos, lembrando que “o Bastonário esteve na Madeira em novembro de 2017, até disse que o Hospital deveria estar fechado, foi ali afirmado que as obras começariam em janeiro, já estamos em junho e dizem que vão começar este mês. Há sempre a intenção de tratar de aspetos estéticos, a obra até vai começar pelo lado de fora, quando os serviços estão com grandes necessidades”.

Para este representante da Ordem dos Médicos na Região, já em matéria que se prende com o novo Hospital e com as obras que entretanto são desenvolvidas no atual edifício hospitalar, “é importante repensar muita coisa na Saúde, referindo que “não é só Lisboa que está a criar entraves ao desenvolvimento dos setor e especificamente do novo hospital”. E acusa: “Estão a dizer que está tudo tratado e nada está tratado”.

Falar dos serviços que se encontram em situação problemática, é mais difícil, uma vez que todos merecem, da parte da Ordem, “uma preocupação grande”. Vai pelo mais fácil, aponta os serviços que se encontram em melhores condições: Ginecologia/Obstetrícia e Cardiologia, que tem trabalhado relativamente, bem apesar dos recursos escassos”. Admite uma “melhoria em alguma falhas, nos contratos de trabalho, mas do ponto de vista dos reflexos na população, a situação continua sem resposta”.

Há uma outra aposta da secretaria regional da Saúde, que se prende com as USF (Unidades de Saúde Familiares), projeto já em curso desde setembro do ano passado, que “continua a ser apresentado como solução, mas não tem os critérios de qualidade, que são dez, aprovados, apesar destes já terem sido enviados em outubro de 2017”, aponta o presidente do Conselho Médico da Ordem na Madeira.