Social-democratas e socialistas degladiam-se no parlamento em torno da questão da “lealdade” a Lisboa

 

Fotos DR

*Com Rui Marote

O deputado social-democrata Carlos Rodrigues degladiou-se hoje com os socialistas no parlamento regional, ao acusá-los de serem coniventes com o centralismo de Lisboa, personalizado no governo de António Costa, e de serem cúmplices numa alegada força de bloqueio, que não permite que nada seja concretizado na Região enquanto cá não for eleito um governo regional PS. O polémico tribuno não poupou nos epítetos e classificou-os mesmo de traidores à Região, a lembrar uma retórica característica dos tempos jardinistas. Apontou baterias ao líder da bancada parlamentar socialista na ALRAM, Victor Freitas, e acusou-o de conivência no afastamento de Carlos Pereira da liderança dos socialistas madeirenses, por alegadamente este ser um “desobediente” ao governo da capital.

Para Lisboa, acusou, tudo vale para fazer ascender ao Governo da Região os seus “servos”, acusou.

Porém as acusações de Carlos Rodrigues seriam rejeitadas por Victor Freitas, para quem os dossiers que o Governo Regional está a negociar com o governo central, como a questão do novo hospital, só não avançam por declarada incompetência do primeiro. As acusações dos social-democratas fizeram ricochete com a bancada socialista a lembrar as agruras dos tempos por que os madeirenses passaram enquanto Pedro Passos Coelho foi primeiro-ministro, e com o deputado do PS-M Avelino Conceição a lembrar os tempos do “cerco” social-democrata à Câmara Municipal de Machico, e do combate desenfreado à gestão socialista da mesma.

Victor Freitas, por outro lado, recordou que os governos socialistas da República foram os que mais facilitaram a vida à Região, mesmo no tempo em que os seus dirigentes eram insultados pela liderança madeirense.

Entretanto, em debate na sessão plenária de hoje estiveram também as operações portuárias, tendo os socialistas insistido na necessidade de baixar as taxas portuárias, aspecto que foi contrariado pelo PSD, que garantiu que as mesmas pouco acrescentam ao custo de um contentor, quase inteiramente atribuível ao frete. Já o PTP veio novamente acusar o Grupo Sousa de ser favorecido e, entretanto, os comunistas apresentaram uma proposta de subsídio de insularidade para os trabalhadores do privado, semelhante ao aplicado aos do sector público na RAM. Uma questão que gerou discussão, com os outros partidos a expressarem dúvidas sobre a forma como tal poderia ser feito, a reflectirem sobre a fragilidade do tecido empresarial e a proporem, na sua maioria que tal possa ser feito através de uma redução de impostos sobre o trabalho.