Pedido de socorro ao Governo Regional: doente trancada em casa espera há mais de 20 anos por operação no Hospital

Maria de Fátima Roque, imobilizada em casa, à espera da cirurgia. Fotos DR:

Chama-se Maria de Fátima Roque, tem 66 anos de idade, e está na lista de espera do Hospital Dr Nélio Mendonça há mais de 20 anos para ser operada à anca e ao joelho. Resultado: está trancada em casa, praticamente imobilizada e já com feridas no corpo. Entretanto, o telefonema do Hospital para operar nunca chegou. Mas a doente, em desespero, quer tornar público o seu caso, na esperança de que “o Governo Regional, que coordena a saúde, possa ser mais célere na resolução do caso”.

Da parte do Hospital, a resposta obtidas pelo FN foi a de que, “actualmente, a doente está a ser seguida pela área ortopédica e reumatológica no SESARAM, e quando estiverem reunidas as condições clínicas será chamada para a intervenção cirúrgica” (vide parte final da notícia).

Assim estão hoje as mãos da doente.

A Vida de Maria Fátima Roque transformou-se num calvário , para si própria e para os filhos. Aos 42 anos foi-lhe diagnosticada artrite reumatóide e foi operada, no Hospital Dr Nélio Mendonça, a uma anca. Na altura os ortopedistas deixaram claro que deveria ser operada à outra anca e ao joelho, sob pena de a situação clínica se agravar. A cirurgia era mais do que necessária. E ficou em lista de espera, até hoje.

As pernas da doente.

Mãe de 4 filhos, o último teve de ceder a guarda ao pai porque já não tinha condições nem físicas nem psicológicas para responder às solicitações da família. Começou  por fazer fisioterapia três vezes por semana, no Hospital Dr João de Almada,  e, neste momento, os serviços sociais só fazem este serviço uma única vez por semana.

Os resultados da longa espera pela intervenção cirúrgica já fizeram as sequelas no corpo desta utente: não dobra os joelhos, não anda, tem feridas no corpo  e o desejo de viver é cada vez menor. Os serviços da Segurança Social asseguram-lhe o banho diário, mas ao fim de semana não há banho. Neste momento, a família insiste para que possa receber o banho também num dos dois dias do fim de semana para evitar outros problemas de saúde.

Estampadeira de profissão, num estabelecimento comercial do Funchal, Maria Fátima Roque viu a vida tolher-lhe o corpo, primeiro “por culpa da doença”, e depois “pela resposta tardia dos serviços hospitalares” que a atiraram para uma lista de espera até ficar hoje imobilizada. Tudo isto além de ter ficado privada de ver o crescimento de um dos quatro filhos.

Neste momento, o que mais anseia é uma resposta mais célere do Hospital ao seu problema. Os telefonemas para o serviço de ortopedia não surtem efeito porque são muitos e muitos em lista de espera, o que a leva a dizer que “até compreende que são muitos casos para dar resposta”. A família desespera e a doente ficou também privada de sair à rua e enfrenta “uma morte lenta dentro da própria casa”.

Resposta do Hospital: quando houver condições será chamada

O FN confrontou a administração do Hospital, tendo a coordenadora do Gabinete de Comunicação, Carmo Silva, remetido um esclarecimento sobre este caso, que se reproduz na íntegra: “O Serviço de Saúde da RAM informa que a senhora identificada pelo vosso órgão de comunicação social tem uma doença reumática degenerativa,  crónica, que atinge sobretudo as articulações e que causa incapacidade progressiva. A indicação cirúrgica é uma das soluções clínicas, possíveis, para resolver parte do seu problema, mas que terá que ser confirmada e reavaliada nas consultas de seguimento, pois, o agravamento da sua doença pode condicionar e alterar esta decisão. Atualmente a doente está a ser seguida pela área ortopédica e reumatológica no SESARAM, e quando estiverem reunidas as condições clínicas será chamada para a intervenção cirúrgica.”

A doente de pé, com ajuda da família.

,