Carlos Rodrigues atacou António Costa sem dó nem piedade no plenário da ALRAM

Fotos: Rui Marote

A sessão plenária na Assembleia Legislativa Regional, esta manhã, ficou marcada por uma intervenção na qual o deputado Carlos Rodrigues, do PSD-M, preconizou nada mais nada menos do que o afastamento do primeiro-ministro, António Costa, da vida pública. Aliás, até começou a sua intervenção comparando uma ameaça velada feita por Salazar, em 1935, em resposta a João Abel de Freitas, então presidente da Junta Geral, com as recentes declarações de António Costa na Assembleia da República, ao dizer que o país nada deve à Madeira, antes ” essa região fica a dever a todos nós o agravamento do défice público de 2017”.

“73 anos depois e temos o mesmo dedo acusatório, o mesmo tom punitivo e o mesmo desdém empertigado. Mudam-se os tempos, mudam-se os regimes, mudam-se os protagonistas mas atitude mantém-se inalterada”, criticou, dando conta da sua “ira e revolta” com as afirmações de Costa, a quem acusou de “oportunismo e desfaçatez”. Carlos Rodrigues traçou um perfil negro do actual chefe do Executivo nacional, classificando-o como dono de uma natureza ardilosa, manipuladora, conspirativa, manhosa e matreira”.

Carlos Rodrigues considerou que o único objectivo de Costa é “chegar ao poder na Madeira”, mesmo desdenhando da autonomia da estrutura regional do seu partido, que “manipula”. Por outro lado, considerou “torpe” a afirmação de Costa, que “constitui um brutal golpe na honra e na identidade de todos os que aqui residem”.

“Basicamente, este senhor que ainda é primeiro-ministro, classificou-nos, a todos, de parasitas que vivem à conta do Estado e da outra região Autónoma”, acusou. “É a perfídia em todo o seu esplendor”.

“Ainda por cima, em vez de, humildemente pedir desculpas, arroga-se ao direito de repreender os legítimos representantes do povo da região, numa postura paternalista, sobranceira e altiva numa vã tentativa de nos
intimidar”, criticou, chamando-lhe “grosseiro” e “presunçoso”.

Acusando as promessas de António Costa para com a Madeira, implicitamente, na questão do novo hospital, de não passarem de manobras de diversão, Carlos Rodrigues afirmou que o mesmo “tudo fará para bloquear a revisão do subsídio de mobilidade, não apoiará a construção do novo hospital e continuará a cobrar juros usurários à Madeira”.

O deputado social democrata salientou que a Madeira foi vítima de quase “600 anos de extorsão contínua, de exploração intensiva, em que a Região Autónoma da Madeira foi, sistematicamente, espoliada e saqueada pela metrópole insensível que jamais demonstrou qualquer tipo de consideração pela grave situação e pelas miseráveis condições de vida dos madeirenses”. A este propósito, citou o tão polémico estudo realizado pelo Centro de Estudos de História do Atlântico sob ordem de Alberto João Jardim, e orientado pelo historiador Alberto Vieira, o denominado “deve e o haver” entre a Região e a restante nação.

“Durante todo este tempo, o Estado açambarcou quase a totalidade da riqueza aqui produzida e nunca nos agradeceu”, denunciou.

“Um madeirense, custa ao estado 1200 euros por ano e contribui com 15 mil para a riqueza do país, esta é a realidade, pura e dura. Um açoriano produz, sensivelmente, o mesmo, mas custa mais 60% que um madeirense”, asseverou.

“Os senhores devem-nos não um pedido de desculpas, mas um abandono imediato e definitivo da vida pública, pelo menos no que à Madeira diz respeito”, defendeu.