Fotos: Rui Marote
A moda tem destas coisas: o que antigamente era prática corrente e entretanto caiu em desuso, passa a ser moda outra vez. É o caso dos cuidados das pilosidades faciais masculinas. Tempos houve em que era prática corrente os senhores frequentarem o barbeiro para as mais diversas actividades, desde cortar o cabelo a aparar a barba, desde passarem por um cuidadoso escanhoamento à navalha a discutir as mais recentes novidades dos “mentideros” citadinos ou os resultados do clube de futebol do coração. Depois, durante anos, essa prática caiu em desuso e muitos homens, mesmo aqueles de barba rija e masculinidade à flor da pela, mesmo à portuguesa, passaram a cortar o cabelo em… cabeleireiro de mulher.
Com isso, muitas barbearias tradicionais foram à falência. A verdade é que bastantes delas também não souberam acompanhar as novas exigências de higiene. Hoje em dia é impensável um barbeiro afiar a navalha num tira de couro, como se fazia antigamente, e usar a mesma lâmina nas faces de incontáveis clientes masculinos. A era da SIDA, uma doença sexualmente transmissível mas que também o é através do sangue, veio injectar medos de toda a espécie, bem como as hepatites e outras maleitas que tais. Hoje o cliente só se sente tranquilo se vir o barbeiro substituir, nas novas navalhas, uma lâmina descartável por outra.
O facto é que foi isso que começaram a fazer muitas novas barbearias. Reinventaram um conceito antigo, o do bem-estar que um homem sente quando vai ao barbeiro e passa por todo um ritual para aparar a barba ou cortá-la bem rente, sendo tratado com a aplicação de toalhas quentes, depois frias, depois massagens faciais com produtos de gama masculina para o após-barba. Ao sair, a sensação de relaxamento e de frescura compensa.
São várias as barbearias e também os salões de cabeleireiro que recuperaram antigas imagens tradicionais da barbearia ou que incorporaram estes cuidados específicos para os homens nas suas ofertas. Chamou recentemente a atenção ao repórter fotográfico do FN um novo estabelecimento que abriu portas na rua da Carreira. Lá fomos descobrir que o barbeiro é um brasileiro do Paraná, que propõe cortes pitorescos, à jogador de futebol. Uma série de elementos visuais característicos conferem um charme engraçado à barbearia. Este é mais um de vários estabelecimentos que se vão multiplicando pela cidade do Funchal, distinguindo-se no entanto cada um dos outros pela especificidade da decoração ou dos serviços prestados. Há para todos os gostos. E ainda bem. É de saudar esta iniciativa privada e, por outro lado, o regresso destes espaços públicos e de boa memória que são as tradicionais barbearias.
