Alberto João Jardim mostra-se contrário ao novo hospital da Madeira; é preciso é reforçar os equipamentos do hospital já existente, disse à RDP

O antigo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, mostrou-se hoje contra a obra do novo hospital da Madeira, pela quantidade de dinheiro que tal empreendimento custaria, e que, na sua perspectiva, deveria, isso sim, ser empregue na modernização das actuais instalações do Hospital Dr. Nélio Mendonça e na aquisição, para o mesmo, dos mais avançados equipamentos médicos.

A posição de Jardim foi hoje expressa no âmbito de uma entrevista concedida à RDP-Madeira. Na mesma, o ex-chefe do Executivo madeirense relembrou a figura do antigo responsável máximo pela gestão do Hospital, o médico Miguel Ferreira, por quem disse sentir grande apreço, mas que, “quando começou a meter a Saúde na ordem”, enfrentou fortes interesses corporativos, denunciou.

Alberto João Jardim respondia a uma pergunta do jornalista da RDP-M, que lhe perguntava se os constantes problemas verificados no sector da saúde eram susceptíveis de prejudicar seriamente um governo regional.

O entrevistado admitiu que a Saúde é uma área sensível e aproveitou para dizer que, em seu entender, neste sector nem deveria existir direito à greve, circunstância que merece ser contrabalançada com bons salários. “Os profissionais de saúde devem ganhar mais que os restantes trabalhadores da administração pública”, considerou.

Jardim comentou ainda a vida política regional opinando que “é tudo uma pobreza”. O comentário referia-se ao panorama político-partidário, quando considerou que “o candidato do PS é muito fraquinho”. Para o antigo presidente da Madeira, Paulo Cafôfo não tem estofo para ser presidente do Governo Regional, embora o possa ter para ser autarca. Por outro lado, disse, o PS-Madeira exibiu um “triunfalismo saloio” no congresso recentemente realizado, o que não faz sentido, dada a distância temporal que ainda nos separa das eleições regionais.

Confrontado com a dívida da Madeira, perguntou: “Qual?”, e voltou a citar o estudo sobre o deve e o haver realizado pelo Centro de Estudos de História do Atlântico, com o historiador Alberto Vieira à cabeça, e que, afirmou, concluiu que a Madeira ao longo de 600 anos teve de entregar dois terços dos seus proventos ao continente. Nessa linha de pensamento, criticou o PS por ser, na sua essência, “um partido jacobino, centralista”, o que hoje em dia já não faz sentido, e afirmou que pouco há a esperar do mesmo em termos de intervenção junto das instâncias nacionais. Aliás, Jardim entende mesmo que hoje em dia não há intervenção dos governos dos Açores e da Madeira na política do país, como, referiu, existia no tempo dos seus governos.

Comentando a revisão do Estatuto Político-Administrativo da Madeira, Jardim disse que não é este estatuto que precisa de ser revisto, mas sim a Constituição Portuguesa, reforçando os poderes autonómicos das regiões.