Emanuel Câmara faz discurso triunfal já apontado para o que Cafôfo, apoiado pelo PS, fará no Governo Regional; afirma que se vive um ciclo político irreversível

Fotos: Rui Marote

Os socialistas madeirenses estiveram hoje de pé, a aplaudir Paulo Cafôfo como futuro candidato apoiado pelo partido, a presidente do Governo Regional da Madeira nas eleições legislativas regionais de 2019. A assistência do Congresso Regional deste partido correspondia assim às palavras de incentivo do actual presidente do PS-M, Emanuel Câmara, à união. “Cafôfo! Cafôfo! Cafôfo!”, ouvia-se, e as palavras vibravam pela sala cheia de gente, enquanto o potencial e já anunciado candidato sorria.

Emanuel Câmara protagonizou hoje um extenso discurso perante a plateia que o ouvia. Começando por agradecer a todo o PS, sublinhou a “honra, orgulho e privilégio” ao falar a históricos socialistas e militantes, na condição de novo presidente regional do partido. Saudando as delegações convidadas das outras forças políticas e dos sindicatos e demais organizações ali presentes, prosseguiu para uma exaltação das capacidades dos socialistas governarem, quer nacional, quer regionalmente, e assegurou que o PS tem governado muito bem na vizinha região autónoma dos Açores, onde, na sua perspectiva, proporcionou um efectivo desenvolvimento aos cidadãos. Um augúrio, portanto, positivo para a capacidade dos socialistas governarem também a Madeira, aspecto que não se cansou de enfatizar.

Agradecendo a presença da secretária-geral adjunta do PS nacional, Ana Catarina Mendes, na sala, elogiou também a governação PS no Governo da República, na pessoa de António Costa. Disse contar com o apoio do PS nacional para enfrentar os desafios que o PS/Madeira tem pela frente e mostrou-se “orgulhoso” pela forma como decorreu este Congresso Regional, que, enfatizou, mostrou que o partido está “coeso” na Região e preparado para dar novo rumo à Madeira e Porto Santo. Nesse sentido, enalteceu a forma civilizada como se esgrimiram ideias e argumentos.

“Estamos cientes da nossas responsabilidades e desafios”, disse. Referindo-se às vitórias que o PS tem conquistado nas autárquicas na RAM, e considerando que as mesmas foram o prenúncio de algo maior, sublinhou: “Ganhámos com trabalho, humildade e com o querer dos madeirenses”, que, garantiu, “podem contar com o PS”.

Ecoando as palavras ditas anteriormente por Paulo Cafôfo aos jornalistas, à entrada para a sala do congresso, no Casino, Câmara asseverou que a mais importante coligação em que aposta para o PS ganhar as eleições regionais em 2019, “é com a população”. O ciclo político na RAM, na sua óptica, enfrenta uma transformação irreversível: “Não voltará mesmo para trás”, prometeu.

Para alcançar o desafio de ser poder regional, que, considerou, não será fácil e exigirá esforço, pediu aos socialistas que, nos próximos dois anos, “mostrem o que valem”, de “mangas arregaçadas”.

Mudar a forma de fazer política na Região impõe-se, salientou, num momento em que o PSD regional “regressa às catacumbas do jardinismo”: actualmente, denunciou, vale tudo, mesmo fazer promessas já tantas vezes repetidas, mas que não se cumprem.

Já com o PS-Madeira no poder executivo regional em 2019, prometeu, “não haverá promessas vãs”.

Emanuel Câmara, de olhos já apontados no futuro e num governo regional da sua cor política, prometeu uma actuação virada para o aspecto social, com ênfase na Educação, no apoio às pessoas, em particular aos cidadãos idosos e mais debilitados, mas também com uma visão da juventude e de desenvolvimento económico-financeiro.

Garantiu também um investimento efectivo na saúde, com a revitalização do sistema regional que já foi o melhor do país, e com o fim de situações como a falta de medicamentos e outras carências nos serviços. Por outro lado, frisou, o tão ambicionado novo hospital da Madeira tem de ser concretizado, “sem mais desculpas”.

Projectando um partido cada vez mais aberto à sociedade civil, lembrou que essa visão de abertura será consubstanciada de forma inequívoca num futuro breve, nos Estados Gerais.

O presidente do PS-M quer também a modernização da administração pública regional, e uma política empenhada na área do Ambiente, com enfoque especial numa política florestal que minimize os riscos naturais.

Quanto ao sector cultural, prometeu que, com o PS no poder regional, deixará de “ser o parente pobre” e passará a ocupar um lugar de destaque no Orçamento Regional.

Também manifestou o desejo de estabelecer medidas estruturantes para o turismo, apostando, entre outras medidas, na reabilitação urbana e investindo no crescimento da economia, com uma aposta decisiva na “economia do mar”. O actual líder do PS-M quer também prosseguir uma política de emprego que estanque a emigração e ajude a fixar a população.

Aspecto da votação para a Comissão Política e outros órgãos. Existe uma constituição heterogénea de várias correntes no partido

No capítulo da Autonomia, prometeu uma defesa intransigente da mesma e uma aposta decisiva no seu potencial, com o apoio de um PS dinâmico e plural, capaz de empreende uma forma de governar gerida de forma participativa.

O discurso terminou com o aplauso ao “próximo presidente do Governo Regional em 2019”, o independente por si apoiado, Paulo Cafôfo. Também não deixou de, de forma emotiva, agradecer aos seus próprios pais todo o apoio que lhe deram, e disse-se orgulhoso dos mesmos. E o Congresso terminou em apoteose de aplausos de pé, ao som de música épica.

Os pais de Emanuel Câmara ouviram uma mensagem especial de agradecimento do filho

Entretanto, e já anteriormente, ficar a mensagem de Paulo Cafôfo, à entrada para a sala: o PSD está fora de prazo, no Governo Regional, e tem de ser substituído por uma alternativa com “outro empenho”, que arranque a Região ao “marasmo”. É preciso, sublinhou, “devolver a esperança aos madeirenses”.