Leia aqui o que pensa Jardim sobre as recentes eleições no PSD nacional e no PS-Madeira

O que pensa Jardim das eleições no PSD nacional e no PS-Madeira? É possível derrotar Cafôfo em 2019?. Leia aqui a mais recente opinião do ex-presidente do Governo Regional e do PSD-Madeira numa prosa, citando Cícero, denominada “Dum spiro spero” (enquanto respiro, tenho esperança):

“Decorreram eleições internas, nacionais no PSD e locais no PS. É já possível uma primeira opinião pessoal.
Toda a gente sabia que Santana Lopes era o rosto do aparelho de Passos Coelho. Daí o grande volume de pagamento ou regularização de quotas em que essa gente investiu, bem como a mobilização da máquina partidária em benefício de Santana. Obviamente que um certo jornalismo (?!) e “comentadores”(?!) de “esquerda” também na apologia de um Santana que mais interessava à “geringonça”! Em lógica com isto tudo, a maçonaria, pela bôca de Montenegro, na teatralidade do apoio anunciado quase em cima da hora.
Até Marcelo recebeu Santana Lopes antes de este iniciar a sua campanha.
O situacionismo do regime da Constituição de 1976, no seu esplendor! A “côrte de Lisboa”, como os chama Rui Rio, completamente mobilizada contra a ameaça de descentralização política que o velho Estado jacobino e colonialista português não quer.
Só que o PSD de Sá Carneiro – ou o que dele restará – tem um fôlego histórico, mesmo nos momentos piores. E os militantes, fartos do “actual” PSD, em quase metade não foram votar, marimbando-se para os empresários que, com interesses no regime, fizeram de “mecenas” internos.
Na Madeira, onde o PSD “renovação” é um parto do passismo lisboeta e de outros já identificados, logicamente que o filme foi semelhante.
Apesar de o líder regional, com bom senso, ter proclamado neutralidade – já basta como o PSD/Madeira foi dolosa e estupidamente dividido – assistiu-se ao escândalo de a máquina desafinadíssima dos “renovadinhos” fundamentalistas se ter empenhado, a fundo, na eleição de Santana Lopes.
Acabou, mais uma, vez derrotada e desprestigiada.
É um erro o PSD/Madeira fazer eleições com base no actual Secretariado regional do partido e na “influência”-má-da liderança do grupo parlamentar. As recentes eleições internas, com esse sarrabulho de “concelhias” hierarquizadas sobre as comissões de Freguesia, nem mesmo agora serviram às pretensões santanistas da rua dos Netos!…
Até foi engraçado, nalgumas Freguesias, ver mais gente com inscrição regularizada, do que os votos aí recebidos nas anteriores eleições autárquicas!… E nem assim!…
A derrota de Carlos Pereira, no PS local, era mais do que esperada, dado o currículo do dito.
É espantoso como a “esquerda caviar” aqui da parreca, na sua estratégia de encontrar uma apólice para garantia da Situação regional, apostou na criatura.
Ao longo de mais de quarenta anos, esta “esquerda caviar”, sempre à “direita” dos autonomistas sociais-democratas, nunca entendeu a sua inadequação a um partido socialmente “povo unido” nas bases, para já não falar dos costumes…
Cafôfo só se distingue por causa do deserto cultural e de uma certa boçalidade que marca a actual vida partidária madeirense.
Partidos que me devem parabéns, pois a candidatura de Paulo Cafôfo era apelidada de “jardinista”… Credo! Abrenúncio!…
Mas Cafôfo é derrotável. Primeiro, porque não se lhe conhece militância autonomista. Arriscávamo-nos a uma regressão.
Segundo, porque Cafôfo, desde sindicalista, personifica o que de utopia ainda resta ao marxismo desde Sartre, Marcuse, Gramsci, etc. Não resistirá a chamar à área do poder regional, quer os comunistas do PCP e do “bloco de esquerda”, quer os comunistas chavistas da JPP, o que será catastrófico para a realidade concreta do arquipélago.
Terceiro, os compromissos políticos desta “geringonça à madeirense”, obrigariam a um desastroso recrutamento de pessoas sem habilitações, nem qualidade, para cargos dirigentes da Região Autónoma.
Estão a ver a Madeira ser dirigida por aquele “povo unido” que são as bases socialistas, para nem falar dos outros?!…
Quarto, o investimento seria substituído pelo assistencialismo de compra de votos, lá ia o desenvolvimento, lá ia a criação de Emprego.
Mas o PSD, sem eu repetir o que publiquei a 2 de Janeiro último, pode fazer uma campanha eleitoral vencedora.
Tem de rejeitar o “politicamente correcto” das falsas “élites” colonialistas e da “esquerda” caviar de Lisboa, passadista e ultrapassada pelos tempos, exigindo uma nova solução constitucional para maior Autonomia e para a justa assunção pelo Estado da Dívida Histórica após séculos de extorsão sobre o Povo Madeirense. Não podemos perder o objectivo da “Singapura no Atlântico”, antes que Canárias – que havíamos ultrapassado como eles próprios reconheciam – venha de novo se adiantar.
O PSD/Madeira tem de assumir o descontentamento com a situação nacional e com o que esta impõe ou nega à Região Autónoma, afirmando prioritariamente os Direitos e a Identidade Madeirense.
Fugir aos actuais padrões políticos convencionais.
Defender o nosso Património histórico-cultural, a criação de Emprego, a estrutura Família, o Direito à reforma, o respeito pelo estatuto social de cada um. Rejeitar o que e quem social e eticamente estranho à Qualidade e à eficiência da Política.
Tem de se assumir contra o mediático montado e manipulado pela comunicação social ao serviço dos poderosos. Saber falar directa e corajosamente ao coração das pessoas.
Combater salários baixos que sejam benefícios exagerados dos possidentes. Combater as “modas” que são imposição totalitária de minorias sobre os Valores das maiorias.
Denunciar e corrigir o peso dos impostos, bem como as receitas destes em vez de para investimentos e criação de Emprego sustentável, serem para praticar um assistencialismo em duplicação com a competente Segurança Social. Benefícios que não vão para quem mais precisa, mas sim para a respectiva clientela partidária e para comprar e pagar votos! Assim, desmotivando as pessoas de trabalhar ou de procurar emprego.
Estes são caminhos corajosos para um percurso político que redinamize a Madeira.
Corrijam as promessas loucas que se estão transformando em teimosias derrotáveis. O importante são obras no hospital que permitam o que de mais avançado para tratar doentes, como era orientação anterior. O importante são melhores ligações aéreas, que a maioria esmagadora usa, em vez de ferries e outros disparates para pagarmos os caprichos de minorias.
Não se segue a demagogia da Oposição, nem da opinião publicada.
Para defender o Povo Madeirense ante os inimigos da Autonomia e da Democracia, o PSD/Madeira tem de ser como o General Cambronne ao recusar a rendição em Waterloo: “la Garde meurt mais ne se rend pas” respondendo “merde” às pretensões dos ingleses do General Corville.
Hoje, em França, para não se dizer “merde”, refere-se “le mot de Cambronne”.
E, já agora, recorde-se também como, em “Henry V”, Shakespeare caracteriza os soldados britânicos na vitoria de Azincourt: “brigões, bravos, bêbados, leais, estóicos, rudes, dóceis”
“Dum spiro spero”: enquanto respiro, tenho esperança.

Funchal, 22 de Janeiro de 2018

Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim”