A história está errada: Livro de madeirense a apresentar no Funchal a 1 de fevereiro diz que guerra do Ultramar não começou em Angola em 1961 mas em Timor em 1959

João Luís Gonçalves apresenta no dia 1 de fevereiro, às 18h30, na Casa do Combatente, no Beco do Paiol, no Funchal, o livro REVOLTA DE 1959 em Timor-Leste – Uma história desconhecida sobre o início da Guerra do Ultramar.

O autor, natural da Madeira, é Procurador da República colocado na comarca de Faro e já exerceu funções em Timor-Leste por quatro vezes. Em 2001, 2002-2003 e 2004-2005 na Procuradoria-Geral da República e Tribunais e em 2014 como assessor do Ministro da Justiça de Timor-Leste.

Quando se fala da guerra do Ultramar diz-se que começou em Angola em 1961. Ninguém fala de Timor-Leste.

Ora, os timorenses não têm dúvida de que o que sucedeu em Timor-Leste em 1959 serviu de forte estímulo moral para que os angolanos se decidissem a começar a luta armada contra Portugal, o que sucedeu a partir de fevereiro de 1961.

Segundo o livro, os responsáveis pela Revolta em Timor-Leste, num total de 69 presos, foram deportados para Angola. Dizem que quando estavam em Angola os outros presos angolanos comentavam: “Como é que um pequeno território, como Timor, se revolta contra Portugal e nós, angolanos, nada fazemos?!…”.

João Luís Gonçalves com D. Ximenes Belo.

O livro é resultado de uma investigação do autor nos últimos quinze anos em Timor-Leste sobre esta revolta, com depoimentos de várias pessoas (alguns intervenientes diretos ou familiares dos que morreram e outras pessoas); visita aos locais; alguns documentos e foto dos presos que foram deportados para Angola; pesquisa de documentos da época na Biblioteca Ultramarina (Lisboa), etc. Conta também com um texto de D.Ximenes Belo sobre a mesma revolta. O Bispo é natural de Baucau e tinha 11 anos quando surgiu a revolta e recorda de alguns factos ocorridos que o próprio presenciou pessoalmente

A revolta teve lugar, principalmente em Dili, Baucau, Viqueque, Uato-Lari e Uato-Carbau, onde se verificaram vários mortos. O navio Dom Aleixo foi adaptado para prisão, porque a cadeia não tinha espaço para tantos presos. Os responsáveis foram depois deportados para a cadeia de Bié, Angola.