Caso do “Zé”, o sem-abrigo com a perna a gangrenar, já tinha sido denunciado há 3 meses à Segurança Social e ao MP

Foto Rui Marote

O caso do “Zé”, o sem-abrigo que pernoita na Rua do Quebra-Costas, perto da casa da família, que aparentemente o renega por não querer cumprir as mais elementares regras de higiene e civilidade, e que foi em boa hora dado a conhecer pelo nosso repórter fotográfico Rui Marote, continua a causar reacções na opinião pública.

De facto, o estado quase dramático deste personagem, aparentemente já não de plena posse das suas faculdades, vítima de alcoolismo e quiçá outros vícios e/ou desequilíbrios do foro psicológico, comoveu e chocou as pessoas, pela denúncia do seu estado de saúde, vivendo na imundície e necessitando de cuidados de saúde urgentes, dado que aparenta ter já uma perna a gangrenar, o que poderá ter consequências dramáticas na sua integridade física ou vir mesmo a ameaçar a sua vida. Acresce que tudo isto se passa em período de Natal, quando as consciências estão, eventualmente, mais despertas.

O Funchal Notícias foi, por isso, contactado pelo advogado Adolfo Figueira Brazão, que nos referiu residir nas proximidades e ter acompanhado de perto a situação do indivíduo em causa. ”

Já lhe ofereci ajuda muitas vezes. Inicialmente, há dois anos quando fui viver para esta zona, ainda dialogava, apesar de estar sempre alcoolizado e de demonstrar dificuldades evidentes em raciocinar. Mais recentemente, quando lhe dirijo a palavra, a sua resposta resume-se a gemidos e grunhidos. Foi o que aconteceu há cerca de sete dias, depois de uma noite de chuva, quando o encontrei de joelhos a urinar encostado a uma carrinha vermelha estacionada junto à Porta 33 e perguntei se não queria nada para comer, roupa limpa e um banho. O homem está mesmo mal…”, lamenta o causídico.

“Tão mal”, confessa, “que não consegui ficar parado e denunciei a situação a quem julgo ter competência para intervir. Nomeadamente, à Segurança Social (processo com  n.º de entrada 141511/2017 e ao Ministério Público (processo administrativo n.º 2235/17.8T9FNC, da Procuradoria do Juízo Local Criminal do Funchal), ambos iniciados em 14 de Setembro de 2017”.

“O que me espanta”, lamenta este advogado, é que, passados três meses, o homem “continue abandonado e nada, que possamos constatar, foi feito”.

Porém, Adolfo Figueira Brazão deixa ao FN a referência interna de uma resposta que lhe foi transmitida pela Segurança Social a 13 de Outubro, “dizendo que tudo está a ser feito para se resolver a situação”.