Mostra de Teatro de alunos do Conservatório prossegue no Núcleo de São Martinho

Dezembro foi o mês escolhido para a mostra de final de período de três peças de teatro dos alunos dos três anos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo – Interpretação (CPAE-I) do Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira.

Esta mostra de teatro tem vindo a decorrer no Núcleo de São Martinho, situado na Escola Profissional Francisco Fernandes, desde 6 de Dezembro e prossegue até à próxima sexta-feira, dia 15, com um registo de afluência muito elevado que tem lotado a sala e que a tem tornado pequena para o interesse que a comunidade educativa e público em geral têm demonstrado, afirma o CEPAM. A aposta de levar o público ao Núcleo está a revelar-se proveitosa, e, como refere o director de Curso, Diogo Correia Pinto, é sintomática do interesse e curiosidade manifestadas por este Curso Profissional do Conservatório nos últimos tempos.

São três as peças apresentadas, uma por cada ano do Curso: Nos dias 6 e 7 de Dezembro foi apresentado o trabalho infanto-juvenil “Rometa e Juliú”, com um texto de Eduardo Luíz e Magda Paixão, orientado por Filipe Luz e com apoio vocal de Vânia Fernandes. “Um grupo de jovens decide invadir um teatro abandonado, começando por explorar o que por lá ficou. Eis, então, que um deles encontra um livro com a velha obra de William Shakespeare, Romeu e Julieta e decide interpretar uma das suas personagens. O grupo adere à ideia de “brincar” ao teatro, mas a confusão instala-se, pois não conseguem chegar a um consenso quanto à distribuição das personagens. Após várias tentativas de organização do elenco, o grupo decide começar o espectáculo e dar largas à imaginação, pois o mais importante não é o desempenho individual, mas sim o desempenho colectivo. Como diz uma das personagens: “Shakespeare que me desculpe, mas eu vou dar outro arranjo (…)[nesta] história”.

No dia 11 de Dezembro foi apresentado, pelo 3.°ano, o trabalho “Murlin Murlo”, uma peça de Nikolay Koljada, orientado por Diogo Correia Pinto, com apoio vocal de Carla Moniz. O espectáculo está em cena até dia 13 de Dezembro. “Murlin  Murlo”, é um texto duro, em que as personagens perderam as suas referências, num tempo após o colapso da União Soviética, em que a quimera da liberdade deu lugar à desilusão. Sentem-se num tempo que não lhes pertence. Com o desmoronar do antigo regime, ficaram à margem das promessas que lhes fizeram. Olga é uma mulher submersa em delírios cinematográficos. Devido à sua estranheza chamam-lhe “Murlin Murlo” , alcunha insultuosa que traduzindo para português significa Marilyn Monstro. Uma analogia metafórica ao ícone americano. Ela hospeda em sua casa um jovem aspirante a escritor da capital, recém-chegado a Shipilowsky. Uma cidade de província, algures numa zona recôndita da Rússia. Apaixona-se por esse príncipe desencantado, que no contacto com a dureza da realidade vai perdendo as suas utopias. Micha, vizinho e amante ocasional de Murlin, embrutecido pelo trabalho e a falta de perspectiva, afoga-se no álcool. Ina, a irmã mais velha de Olga, colecciona corpos e copos, procurando em cada esquina alimento para o vazio. Quatro personagens que ficaram sem bilhete para o filme da felicidade, reza uma nota de imprensa do Conservatório.

Nos dias 14 e 15 de Dezembro será a vez dos alunos do 2.° ano apresentarem o trabalho “Jardim Zoológico de Cristal” de Tennessee Williams,  com a orientação do professor Filipe Luz: “Estamos em Soldan, América, década de trinta e a iluminação escasseia. Este é cenário desta peça que não pretende ser realista, mas sim sentimental. Tom, narrador e personagem, leva o espectador numa viagem pelas conquistas, sonhos, medos e perdas da sua família, os Wingfields. Mostra-nos de forma frágil e crua – como um cristal perdido num Zoo – o mundo de Amanda, sua mãe – absorvida entre as revistas da The Homemaker’s Companion, as histórias da Montanha Azul e os futuros pretendentes da sua filha, Laura. Por sua vez a jovem Laura encontra-se enjaulada nos velhos discos da grafonola, nas fotografias do Anuário do Liceu e sobretudo no seu Jardim Zoológico de Cristal. Tom divaga entre as constantes idas ao cinema, os poemas nas caixas de sapatos e o Sindicato dos Marinheiros Mercantes. Na peça há ainda um cavalheiro que aparece apenas de visita nas cenas finais, talvez a personagem mais realista de toda a peça. Na parede ao fundo está pendurada a fotografia de quem há muito tempo partiu…”

Todos os trabalhos têm entrada gratuita.