Violência doméstica esteve em debate: prevenção é uma responsabilidade e uma urgência

Na quarta-feira, no auditório do Instituto de Segurança Social da Madeira realizou-se, uma conferência que abordou a temática “A Intervenção na família com violência doméstica”. Um dos oradores de painel foi João Redondo, psiquiatra coordenador da Unidade de Violência Familiar do Serviço de Psiquiatria e coordenador executivo da Agência para a Prevenção do Trauma e da Violação dos Direitos Humanos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, e representante em vários organismos nacionais e internacionais sobre as questões da violência intervindo com famílias, com vítimas e com agressores, sendo formador e participante na criação de manuais e instrumentos de trabalho, especificamente para os serviços da saúde e para a intervenção nas escolas.

Na ocasião, Augusta Aguiar, presidente do Instituto de Segurança Social da Madeira afirmou que a violência doméstica constitui actualmente um problema social que afecta a sociedade e que, mesmo que entendida como violência nas relações familiares ou de intimidade, os seus efeitos não se confinam ao espaço doméstico ou às pessoas que directamente estão nela envolvidas. As mesmas, disse, “projectam-se no todo social e empobrecem-no”. No que diz respeito ao acompanhamento proporcionado pelo ISSM às vítimas de violência doméstica, foi referido que 1.958 vítimas de violência doméstica foram acompanhadas pela Equipa de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica do Instituto de Segurança Social da Madeira, desde Novembro de 2002 até Junho de 2017.

Augusta Aguiar assegurou que, nas Casas de Abrigo, desde a sua abertura (uma aberta em 2002, outra em 2004 e a 3.ª em 2006) até Outubro de 2017, foram protegidas 432 mulheres e 612 crianças: “Os dados apresentados não falam apenas do nosso passado e do nosso presente, retratam também um futuro que não queremos, mas que teremos, se não formos capazes de alterar a cultura e a mentalidade das pessoas. A ideia de que para produzir esta mudança, é necessário desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção no combate à violência e de que este não é um problema de uma entidade isolada. É uma responsabilidade e uma urgência que tem de envolver a todos, de forma concertada e especializada, envolvendo as famílias, as instituições educativas, os serviços de saúde, as estruturas judiciais e de segurança, de protecção social e entidades facilitadoras da realização pessoal e da integração activa na comunidade.”

Por seu lado, o conferencista João Redondo, considerou que na RAM nota-se um trabalho em rede, multidisciplinar e multisectorial. Nesse sentido, apontou a presença e intervenção no debate da magistrada do Ministério Público, coordenadora da Comarca da Madeira, Maria de Lurdes Correia, do subintendente da PSP Roberto Fernandes, da presidente da SESARAM, E.P.E., Tomásia Alves e de representantes das CPCJ’s, Escolas, Ordem dos Psicólogos, Inserção Social, autarquias, Serviço de Igualdade de Género, entre outros.

A conferência organizada pelo ISSM surge na sequência de uma formação de três dias, subordinada à temática “Intervenção com Famílias com Violência Doméstica”, ministrada por João Redondo, destinada a técnicos das várias entidades parceiras, e organizada pelo Instituto de Segurança Social da Madeira, IP-RAM, enquanto entidade coordenadora do II Plano Regional Contra a Violência Doméstica (2015-2019).