Crónica Urbana: Iluminações de Natal atrasadas criam dezenas de postes por toda a cidade

Rui Marote
Desculpe-me a Senhora Secretária Regional de Turismo e Cultura: V. Exª só assistiu à cesariana, mas a criança foi acompanhada durante a gravidez pelo seu antecessor. A Senhora foi a “bombeira de serviço” para pôr em marcha as ornamentações luminosas  na nossa cidade.
El-Rei gritou: “Nem que tenhamos de trabalhar 24 horas e no dia 1 de Dezembro, far-se-á luz”.

E assim, ao percorrermos algumas artérias da baixa citadina, encontramo-las já “engalanadas” de ferros espalhados por todas as ruelas, para demonstrar à população que o tempo perdido será recuperado.
Houve tempo em que a cidade utilizava toda essa artilharia com cuidado, não colocando em perigo os cidadãos que circulavam. Hoje, as barreiras arquitectónicas são bem visíveis  e as nossas fotos demonstram as armadilhas  instaladas.

A escultora Manuela Aranha muito abusou dos tubos de ferro, a única maneira que tinha para suportar os desenhos que retratavam figuras regionais da nossa terra. Mas tinha o o cuidado de todos os anos criar novos desenhos, fazendo rodar por outras ruas os já existentes.

Se a Manuela Aranha tivesse o LED que hoje está ao dispor, o que não faria…! Quando João Carlos Abreu era director regional de Turismo, os nova-iorquinos quiseram contratar os electricistas madeirenses para iluminar as ruas de Nova Iorque nesta quadra (parece estranho, mas é ler os jornais dessa época).

Ora, quando se colocam postes em frente à porta de um Museu, no meio das mesas das esplanadas, em frente aos menus dos restaurantes, em frente a janelas, etc…, tudo isto está a agredir as pessoas. Afinal, estamos a andar para trás. Em vez de crescermos, estamos a derrubar a qualidade que tínhamos criado.

Não podemos pensar no cartaz número um do nosso turismo, em cima do acontecimento. Hoje a indústria da iluminação ornamental é rica e tem ao seu dispor materiais que nos deixam boquiabertos. Amo a minha cidade e não posso deixar que a destruam ficando calado. Sou um cidadão do mundo. Tenho viajado por mais de uma centena de cidades. E quando estou a viajar, interrogo-me: porque não na minha cidade? E o desejo de regressar à ilha cresce.

Mas não é, certamente, isto o que desejo ver como exemplo de iluminações de Natal bem integradas.