Paulo Barata declara apoio à liderança de Carlos Pereira nas internas do PS/M

O presidente da Comissão de Jurisdição do PS, Paulo Barata, garante o seu apoio, nas próximas eleições internas do PS-M, a Carlos Pereira.

Além de amigo do líder madeirense, este advogado assume que o apoio assenta na convicção de que se trata da “melhor estratégia política a seguir, com os dados que temos hoje”.

Na sua página de Facebook, Paulo Barata explica-se. “A 27 de julho de 2009, José Sócrates ganhava as eleições legislativas contra o PSD liderado por Manuela Ferreira Leite. Ninguém imaginaria que dois anos depois o PSD seria poder, e Pedro Passos Coelho o Primeiro Ministro. A 13 de Abril de 2013, António José Seguro era reeleito Presidente do PS, com 97% dos votos e nesse mesmo ano, António Costa seria reeleito Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Ninguém imaginaria que dois anos depois seria António Costa a disputar as legislativas de 2015 e que, mesmo tendo perdido, viesse a ser Primeiro Ministro. Muitos outros exemplos podiam ser dados para ilustrar o facto óbvio de que em política dois anos é muito tempo e muita coisa pode acontecer e, normalmente, acontece. Assim, é impossível prever quem será o melhor candidato do PS às eleições legislativas regionais de 2019. Pode-se manifestar a nossa preferência, mas não se pode com certeza afirmar que estará mais bem posicionado para disputar essas eleições a dois anos de distância.

Por outro lado, temos a certeza que os próximos dois anos serão de grande combate político e, como tal, a forma como o PS encarar esse combate, vencendo-o ou perdendo-o, será decisiva para as suas hipóteses de poder vir a ganhar aquelas eleições”.

Neste contexto, sustenta Paulo Barata, “o PS terá de ter como Presidente, durante estes dois anos, a pessoa mais bem preparada para levar de vencido esse combate. Quanto a quem será o candidato em 2019, deverá ser a pessoa que, na altura em o PS tenha de escolher, esteja mais bem colocada para ganhar. Trata-se de ganhar dois combates diferentes em dois tempos distintos. Primeiro o combate político com o PSD durante os próximos dois anos e, depois em 2019, ganhar as eleições.  Perdendo o primeiro não se ganha o segundo. Neste momento estamos a escolher a pessoa que vai liderar a oposição durante os próximos dois anos. Assim, com o respeito que o Emanuel Câmara me merece, estou absolutamente convencido que o Carlos Pereira está mais bem preparado para fazer esse combate. Tem uma experiência política parlamentar de relevo, muito bons conhecimentos dos dossiers da governação e uma enorme capacidade de trabalho. Acresce que, nos dois anos de presidência do Carlos Pereira, os resultados foram francamente positivos, tanto nas duas eleições que foram disputadas, como na dinâmica política e defesa intransigente da Madeira. Claro que houve erros. Mas esses são inerentes a condição humana. O que não quer dizer que não tenham de ser corrigidos se for reeleito.
Na verdade, a questão não é saber quem é o melhor candidato a Presidente do Governo Regional da Madeira em 2019. A questão é saber quem poder liderar o PS até 2019 para que haja uma real hipótese de vitória”.

Sejamos realistas.

Por um lado, as notícias da morte do PSD e de Miguel Albuquerque são manifestamente exageradas. É verdade que o PSD já teve mais apoio popular, mas continua a ser um partido muito bem enraizado por toda a região. E Miguel Albuquerque, por mais criticas que mereça a sua acção governativa, nunca perdeu uma eleição. Isto são factos. Assim como é um facto que Miguel Albuquerque teve sempre nas eleições para a Câmara Municipal do Funchal votações muito superiores as de Paulo Cafôfo (e sem coligação….). Tinha até mais votos que Alberto João Jardim.

Por outro lado, parece óbvio que existe um manifesto exagero da real valia eleitoral do candidato Paulo Cafôfo. Na verdade, foi o presidente da câmara reeleito que menos subiu a votação.

Todos os outros tiveram assinaláveis subidas nas suas votações, à excepção de Paulo Cafôfo.

Se a modesta subida de 3% na votação torna Cafôfo em um fenómeno eleitoral, então que dizer de Pedro Coelho em Câmara de Lobos que subiu cerca de 23%, José António Garcês em São Vicente que subiu 15%, ou Ricardo Franco em Machico que subiu 10%, e ainda as subidas de 8% em Santana, ou 10% na Ribeira Brava?!

A ter alguma lógica o raciocínio de Emanuel Câmara e seus apoiantes, então os melhores candidatos em 2019 teriam de ser Ricardo Franco pelo PS e Pedro Coelho pelo PSD.

Há ainda três factores de extrema importância nesta análise, é que de todos de os presidentes de câmara na Madeira mencionados, Paulo Cafôfo é de longe o que (i) melhor imprensa tem e (ii) maiores recursos tem e usou na sua reeleição, e tinha (iii) uma coligação a lhe suportar.

Isto leva-me a questionar qual seria o êxito eleitoral de Paulo Cafôfo se se candidatasse com má impressa, apenas pelo PS, com recursos escassos e contra Miguel Albuquerque?

Não me parece que tivesse mais êxito do que outros excelentes candidatos do PS à Câmara Municipal do Funchal como António Trindade, André Escórcio e Carlos Pereira, entre outros.

Ora, a dois anos das eleições, na segunda parte do mandato, será quando Miguel Albuquerque irá entrar em modo de campanha. A substituição de Rui Gonçalves por Pedro Calado é sintomática disso mesmo. A consolidação orçamental está feita e o Governo Regional vai abrir os cordões à bolsa.

Pois é precisamente durante essa fase que alguma pessoas no PS quem tirar da liderança a pessoa mais bem preparada para esse combate. Naturalmente, o resultado será a subida do PSD nas intenções de voto e a descida do PS.

As eleições Regionais sempre foram particularmente difíceis para o PS. Muito mais difíceis do que as eleições Nacionais ou as Autárquicas. As próximas também o serão. Se o PS não conseguir ganhar o combate político nos próximos dois anos, não ganhará as eleições, seja qual for o candidato.
Portanto, a candidatura pela qual Emanuel Câmara dá a cara é um misto de sebastianismo, futurologia e desvalorização dos adversários.

Com o devido respeito por todos os envolvidos, não me parece ser as melhores razões para se apoiar uma candidatura.

Dito isto, existem outras questões que me incomodam neste processo, nomeadamente a questão de Paulo Cafôfo ter mentido aos funchalenses, a intervenção, ultrapassagem e desrespeito de Lisboa relativamente a autonomia do PS-Madeira, e as motivações pessoais de vingança, sofreguidão e clientelismo que movem algumas dos envolvidos neste processo.

Mas sobre isso não farei comentários. Penso que cada um terá a inteligência de tirar as suas conclusões.