Crónica Urbana: a destruição progressiva da Avenida do Mar

Rui Marote
Todos gritam que querem que a Madeira seja a melhor illha do Mundo. Mas estão de costas voltadas e cada um manda no seu território. E entre eles, não existe terra de ninguém…!
A Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses está a ser transformada numa “favela”.
O investimento do Governo na Praça do Povo, Marina de recreio e cais 8 e jardins está em degradação total.
Vem aí o espírito destruidor…! Quem trava esse “furacão” ?
A APRAM irá prostituir-se por 25.000 euros, dando a concessão da instalação do parque de diversões da quadra natalícia naquele espaço.

Esta área  nobre da cidade irá substituir o ex-campo do Almirante Reis, com pistas de carros eléctricos, carrocéis, aviões e outros divertimentos, não esquecendo as barracas da poncha, do bolo do caco, das castanhas e outras.
Estamos já a ver o que restará dos jardins já mal tratados, reduzidos a descampados.
Será que os 25.000 euros irão compensar a posterior recuperação desse espaço? Quem recolhe o lixo produzido nessa área, uma vez que a Câmara está alheia a tudo isto? Será a Polícia Marítima ou a GNR a manter a ordem e a segurança, numa área que a PSP tem fora da sua alçada?
Quem passou esta rasteira à drª Lígia, presidente da APRAM ?
Nos últimos meses, a Direcção de Portos está a braços com uma auditoria ao responsável por toda a área desde as instalações de São Lázaro, marina de recreio, cais do Funchal, jardins e parque de estacionamento.

Alguém que, ao longo destes dois anos, comportava-se como um senhor poderoso protegido do titular da pasta de Economia. Hoje, com o inquérito a decorrer, o “quero, mando e posso” que tinha sido requisitado ao MAR – Registo de Navios pensa voltar para onde saiu, o que neste momento já vem acontecendo: reparte o seu dia em 50% nos Portos e o restante no seu antigo local de trabalho.
Entretanto, no passado sábado, assistimos a mais uma destruição da cantaria do cais do Funchal. Geralmente estes trabalhos são sempre ao sábado. Até parece que é um serviço tipo “biscate”, mas pago pela APRAM, para colocação de mais argolas de amarração.
Acontece que a utilização da escada do cais serve o iate Bonita da Madeira, que para permanecer ancorado no local necesssita de uma amarração eficaz, uma vez que o proprietário não quer colocar poitas para fundear e manter uma segurança eficaz, o que acontece com a maioria dos barcos de recreio, que estão fundeados na marina de recreio.

Por outro lado, voltamos a falar da guerra das castanhas: temos conhecimento de que mais uma banca de venda de castanhas assadas será instalada à entrada do cais, junto ao monumento do Guiness: assim teremos um par de “jarras”… Serão duas bancas de um lado e do outro.
Por falar em fronteiras, a Frente Mar da Câmara tem um quiosque de venda de bilhetes na área dos Portos desde que Albuquerque era o presidente da Câmara do Funchal, e que até aos dias de hoje permanece à entrada do cais. Resta saber se a APRAM cobra renda  ou fecha os olhos?
Mas não ficamos por aqui: a Câmara de Cafôfo autorizou mais um quiosque de venda de bilhetes ao longo da marginal, como se já não bastasse aquele balcão de informação turística nas imediações.

Mas a tendência para as barracas, emulando aquilo a que chamo de favela, não é só neste caso. Os tuk tuk de “fast food” abancam ao longo do dia, uns na área da Câmara, e outros na área dos portos.
Ao longo da marginal, existe um bebedouro público, que na retaguarda tem uma mangueira  que dá apoio gratuito ao comércio tuk tuk, utilizando o precioso liquido a custo zero. Será que os serviços camarários têm conhecimento dessa utilização?

Mais um reparo: ao longo da avenida foi cortada uma dezena de palmeiras e é bem visível o tronco (ver foto). Cortar é fácil, mas repor uma nova árvore nesse espaço parece que não é, o que deveria ser feito. Árvore cortada, árvore plantada  é o princípio que devia ser seguido, mas não será para os tempos mais próximos…
Tanto Governo como Câmara sabem conjugar o verbo destruir, embora gritem: “Queremos ser os melhores!”