Toda esta introdução para falar-vos dos últimos acontecimentos acerca da remodelação do Governo Regional…
Dias decorridos após as eleições autárquicas, era anunciada uma grande remodelação. O primeiro a abandonar o barco foi Rui Gonçalves, secretário das Finanças, ao mesmo tempo que se arranjava um culpado pelo naufrágio nas eleições. Recordo que na semana de encerramento da campanha eleitoral, o Governo foi bombardeado diariamente com a situação da saúde e a falta de medicamentos, e que o orçamento nessa área se tinha esgotado. Depois atribuiram-se os maus resultados a “falta de comunicação”, o que até parece uma anedota: em 40 anos de Governo as secretarias regionais nunca tiveram tantos assessores de imprensa como o actual executivo. Há secretarias que têm três jornalistas como assessores. E há jornais que não têm nos seus quadros o batalhão de profissionais da comunicação que estão ao serviço deste governo. Uma falsa desculpa. E fomos alimentando o noticiário com nomes que entram e que saem. Albuquerque faz uma pausa, vai a Londres, passeia por Picadilly e afasta-se das pressões.
A RTP Madeira, no domingo, dia 8, abre o telejornal das 21 horas anunciando Pedro Calado como vice do Governo de Albuquerque, acumulando as pastas das Finanças e Economia.
Entretanto, o presidente passeia nas terras de Sua Majestade. Pedro Calado com o telefone bloqueado pelo volume de chamadas; os secretários regionais surpreendidos a perguntarem-se… “serei eu… ou serás tu??”.
Miguel é bombardeado por telefonemas de Secretários querendo saber da veracidade da notícia divulgada pela RTP. O presidente descansa os visados, que poderiam estar calmos e serenos nas suas secretarias. O próprio Pedro Calado nessa noite fez a vez do apóstolo Pedro, negando. Mas nem foi preciso o galo cantar e tudo estava consumado, inclundo as exigências de Calado para voltar estavam aceites.
Hoje sabemos que não o estão a 100%, e só amanhã ficará tudo preto no branco, durante uma reunião na Quinta Vigia. Mas muito falta a remodelar; a procissão ainda vai no adro… Que se cuidam directores de serviços e directores regionais. O fumo branco só aparecerá na chaminé da presidência ao final da manhã ou da tarde de amanhã.
Nos governos de AJJ foram poucas as remodelações durante 37 anos, e quando se sucediam Alberto João não alimentava mentiras na comunicação social. Ele dizia: nem ao meu travesseiro confidencio… durmo toda a noite descansado.
Apetece recordar a canção de Amália Rodrigues, “(…) nem às paredes confesso…
Hoje a prática é outra, é primeiro dizer isto, para depois dizer aquilo. Só depois a verdade transpira.