Há duas décadas que o restaurante “O Tasco da Rita” é um ponto de encontro de políticos de todas as cores, médicos, advogados, engenheiros, pedreiros, empregados de limpeza e tantos outros madeirenses unidos por um denominador comum: o gosto pela boa comida caseira da Ritinha e da afabilidade desta mulher.
Nas paredes do discreto mas bem frequentado estabelecimento comercial, localizado na Rampa dos Piornais, exibem-se as fotografias de figuras bem conhecidas desta praça que fazem a clientela do espaço e que a proprietária, mais conhecida pela “Rita do Tasco”, se orgulha de mostrar. De Alberto João Jardim a Miguel Albuquerque, apenas para citar dois nomes bem conhecidos, é uma longa lista de clientes conquistados pela cozinha da Ritinha, uma mulher simples mas afável, de 54 anos de idade, com mãos de fada para a restauração e que olha para os clientes como se de uma família se tratasse. Conhece-lhes as histórias, as virtudes e os problemas e, por entre uma boa garfada e uma bebida, são anos de cumplicidade com os clientes que desabafam os problemas da vida, com o maldito desemprego no topo da lista. Como há governantes que por ali passam, Ritinha, na sua frontalidade habitual, bem tenta alertar para estes e outros problemas no sentido de prestar ajuda a quem precisa, mas a resposta evidencia as dificuldades de quem governa: isto está difícil, não há dinheiro, mas vai melhorar…
“O Tasco da Rita” é um restaurante sem menu. Mas os pratos já são conhecidos de cor pela clientela. Ritinha levanta-se, desenha o menu na sua cabeça, seleciona os melhores produtos para os confecionar e sai cozido à portuguesa, polvo à lagareiro, iscas, alheira da casa, bife à tasco, francesinha, entre tantos outros pratos que prendem seguramente o paladar do visitante.
Vista e estimada por uma clientela faminta pela sua cozinha, com uma tabela de preços muito acessível, a Ritinha, auxiliada pela família (Marília, Anabela e Paula) despacham em três tempos um pedido do cliente, com direito a irresistíveis petiscos e o calor humano de uma amiga para as confidências. São milhares de histórias desfiadas à mesa e, por consequência, Ritinha conhece as novidades da Madeira, desde a história do modesto mas muito acarinhado empregado de limpeza à figura pública célebre. Todos saem com o estômago e a alma bem cuidadas.
Esta unidade comercial serve fundamentalmente almoços e só à sexta feira promove jantares, fechando apenas ao domingo para descanso semanal.
Nem sempre os tempos foram dourados. Ritinha começou de baixo e continua a lutar com a dureza dos impostos para manter a qualidade e sobreviver. Com formação em restauração feita na Madeira (hotéis Fernando Nóbrega) e na Suíça, com uma paixão indescritível pela boa cozinha, Ritinha começou por fazer deste espaço, na Rampa dos Piornais, Ajuda, uma modesta cantina para os trabalhadores da construção civil. Vivia-se o boom da construção na Madeira e clientes é que não faltavam. Mas depois vieram os tempos da crise, baixou o volume de obras públicas e todos mergulharam na crise.
A Ritinha esteve perto de encerrar as portas e mudar de vida. Eis que um amigo médico trouxe outros amigos e a publicidade deste recanto familiar com boa mesa foi passando de boca em boca e o negócio ganhou um balão de oxigénio que dura até hoje. Não foi preciso anunciar ou fazer publicidade. Os clientes e as suas impressões fazem o marketing da casa. Sobre o futuro, Ritinha não fala. “Não sei. A minha filosofia é viver um dia de cada vez como se fosse o último. Trabalho não para enriquecer mas para sobreviver, tendo sempre uma especial atenção às pessoas que aqui vêm”.
Neste momento, assume com toda a convicção: “Se o IVA não tivesse baixado, talvez não conseguisse manter o negócio. Infelizmente, a carga tributária sobre a restauração e demais estabelecimentos comerciais é muito pesada”, comenta com convicção.
Ao longo destes 20 anos, Ritinha guarda inenarráveis memórias de tantos amigos que passaram pelo seu restaurante. A todos respeita e serve com amizade e profissionalismo. De sorriso e palavra fáceis, ninguém fica por atender ou sai insatisfeito. Aguentar firme este recanto familiar da boa restauração madeirense é o seu lema num mundo competitivo como é o de hoje. Sempre com a premissa de viver um dia de cada vez, com o coração aberto a todo o cliente.
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(Nota:
contactos: 965011014
ritasilvatasco@hotmail.com)