“Vai ou não cumprir o mandato se ganhar as eleições?”, esta é a questão que o candidato da “Nova Mudança” no Funchal lança a Paulo Cafôfo

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Roberto Vieira, candidato da “Nova Mudança” à Câmara do Funchal: “Estão a ser orquestradas manobras, dentro do Partido Socialista para levar o professor Paulo Cafôfo ao Governo…O objetivo de muita gente do PSD não é ganhar a Câmara, mas sim derrotar Albuquerque”

Roberto Vieira passou da “Mudança” para a “Nova Mudança”. Foi por Cafôfo, há quatro anos, saíu de deputado municipal há dias. Concorre contra Cafôfo, agora, e nem mudou grande coisa no nome da Coligação. O “Nova” é mesmo para dizer, sem reservas, que é “preciso retomar o percurso de Mudança que a atual liderança abandonou”. Não acusa Cafôfo diretamente, percebe-se, integrou o projeto até há pouco tempo e “não ficaria bem que andasse agora a dizer mal de tudo”. Reconhece que “houve coisas boas e outras menos boas”, mas aposta num projeto novo, que envolve o MPT e o Partido Cidadania e Democracia Cristã. “Foi não sair da Mudança onde o Partido da Terra sempre esteve. Quem saíu foi o professor Cafôfo, que passou a Confiança”, reforça o candidato.

Eleições podem trazer suspresas

Acredita que “as eleições para o Funchal podem trazer surpresas”, quer ao nível do vencedor, quer mesmo no que se prende com a composição futura dos órgãos representativos. Lá se foi o tempo das maiorias absolutas e é nisso que “jogam” os chamados pequenos partidos ou, se quiserem, partidos aparentemente de menor dimensão. O presidente da Câmara, diz Roberto Vieira, “tem a bola do seu lado, tem a máquina na mão, mas há situações em que as vantagens valem pouco. Às vezes, um deputado municipal faz a diferença e repare-se o que já acontece presentemente onde o professor Paulo Cafôfo não tem maioria e necessita estabelecer acordos pontuais com outras forças partidárias”.

Frente Mar devia fechar as portas

O candidato aponta o objetivo prioritário da “Nova Mudança”: eleger representantes. Falar pelo povo nos lugares onde o povo pode ser defendido. Afirma o propósito de “eleger um vereador ou um deputado ou mais, tendo como objetivo contribuir para apontar aquilo que não está bem na cidade”.

O mandato de Paulo Cafôfo apresenta-se, para Roberto Vieira, como tendo “coisas boas e coisas más”. Defende, a título de exemplo, que a “Frente Mar  Funchal devia fechar as portas já amanhã. É uma empresa municipal, que no tempo do PSD foi utilizada para ir à banca e colocar amigos com ordenador chorudos, mas a verdade é que esta Câmara, ao contrário de encerrar a empresa, que há anos dá prejuízo, acaba por fazer igual ao que fez o PSD, procurando criar postos de trabalho para alguns privilegiados e, também, para ultrapassar mais facilmente algumas situações mais fáceis de contornar em empresas municipais”.

Estão a ser orquestradas manobras dentro do PS

A “Mudança” que encetou um percurso há quatro anos, na sequência de um voto de confiança do eleitorado, que retirou poder autárquico ao PSD, que tradicionalmente dominava a gestão das autarquias da Região, “podia ter feito mais, acredito que sim”, diz Roberto Vieira. “Não foi isso que aconteceu” e o candidato refere que “muitas coisas que criticávamos ao PSD, acabámos por fazer igual ou pior. E é nessa parte da Mudança que não me revejo”.

No dia em que se “colar ao PS podem contar com uma batalha”

Um destes dias, define como objetivo, quer colocar uma questão a Cafôfo: “Vai ou não cumprir o mandato se ganhar as eleições?”. E esta pergunta tem uma explicação: “Estão a ser orquestradas manobras, dentro do Partido Socialista, para levar o professor Paulo Cafôfo ao Governo. E isso não é bom para a Região. O professor Paulo Cafôfo foi eleito como independente, candidata-se como independente e só chegará ao Governo se continuar independente. No dia em que Cafôfo se colar ao PS-Madeira, podem contar com uma batalha dos partidos políticos que suportaram este percurso autárquico do atual presidente da Câmara”.

PSD completamente partido

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“A Mudança” poderia ter servido para o Funchal se desviar dos interesses económicos, mas a verdade é que esses interesses económicos parece que ainda controlam esta Câmara”.

Roberto Vieira não hesita em considerar que “estas eleições para o Funchal têm o governo à vista. A fragilidade que o PSD tem hoje, completamente partido e com simpatizantes a dizerem mesmo que votam Cafôfo e não votam Rubina Leal porque querem derrotar Albuquerque. O objetivo de muita gente do PSD não é ganhar a Câmara, mas sim derrotar Albuquerque porque não acreditam neste governo”.

Canditata-se por uma “Nova Mudança” e perspetiva o futuro quando olha a cidade de frente. Anda pelas ruas e dá conta da forma pouco cuidada dos nossos jardins, diz que o que se salva é o Jardim Municipal, o resto “está ao abandono, não há limpeza”. Compara com o passado e admite, sem dificuldade, que em matéria de jardins, o “Funchal parece menos bem cuidado”. O mesmo acontece com a política de combate ao abandono de animais, “fazem-se leis em cima de leis e nunca houve tanto animal abandonado no Funchal, é uma questão de Saúde Pública”.

Dar condições aos sem-abrigo

A política desta Coligação liderada por Roberto Vieira passa, num outro patamar, por “dar condições aos sem-abrigo, criando um espaço onde pudessem passar a noite sem aquele regulamento muito apertado de recolher às oito da noite. A solução dos problemas dos sem-abrigo não se faz com cacifos, mas sim com intervenção do Sistema de Saúde. Acho mesmo que o grande problema dos sem-abrigo é de saúde mental, aliado quase sempre ao consumo de álcool. Sem-abrigo mesmo, no sentido de ter perdido casa, contam-se pelos dedos”.

Interesses económicos ainda controlam a Câmara

O Savoy e o diferendo com o Governo relativamente à obra nas ribeiras constituem assuntos “quentes” do debate político em contexto eleitoral. O candidato da CDU “desabafa” ao considerar que a “Mudança” poderia ter servido para o Funchal se desviar dos interesses económicos, mas a verdade é que esses interesses económicos parece que ainda controlam esta Câmara. O Savoy é um monstro, aquilo que aconteceu nas nossas ribeiras é monstruoso, houve destruição do património”.

Não devem votar em maus candidatos”

A “Nova Mudança” está consciente das dificuldades para dar a conhecer o seu projeto autárquico. O porta a porta e o contacto direto com as populações são “armas” a utilizar para passar a mensagem. O candidato sabe o “terreno” onde se move, conhece o povo, sabe que ainda há muitas reticências naquilo que se prende com opções que visem a mudança, de mentalidades e de voto. “Temos que dizer às pessoas que, mesmo gostando dos seus partidos, não devem votar em maus candidatos. É importante votar nas pessoas, que efetivamente tragam os problemas aos lugares próprios. Se a “Nova Mudança” eleger representantes nos órgãos autárquicos, as pessoas têm a garantia de que os seus problemas serão levados a esses mesmos órgãos, nunca desistimos de uma luta pelos interesses das populações”.

Partidos prometem e não cumprem, mentem descaradamente

Dirige-se para a juventude como um terreno por explorar, mas conhece o histórico das votações e a ausência de participação efetiva dessa juventude nos atos eleitorais. Considera que “os partidos fizeram muito para afastar as pessoas da política, prometem e não cumprem, mentem descaradamente, procuram os jovens na altura das campanhas mas depois, as benesses vão para meia dúzia. E os jovens sentem-se defraudados, até porque muitos são preteridos nas escolhas apesar de serem mais capazes e terem mais habilitações, mas como não têm padrinhos”.