Via expresso, consolidação da escarpa e segurança na ligação ao Jardim do Mar e Paul do Mar garantem futuro à Calheta

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Carlos Teles diz que o programa eleitoral de há quatro anos foi mais do que cumprido.

Calheta, o maior concelho da Região em extensão territorial, está para o PSD como aquilo a que podemos chamar de “porto de abrigo”. Já o era antes, mas muito mais se assumiu como tal em consequência da “tempestade” eleitoral autárquica de 2013. Passou ao lado da convulsão “laranja” e tem em Carlos Teles, o atual presidente da Câmara e candidato a novo mandato, uma “pérola” social democrata para garantir um “cantinho do céu” à liderança de Albuquerque. Não se sabe quantos “cantinhos” iguais a este terá o líder do PSD-Madeira na consulta de 1 de outubro, mas ali parece haver uma possibilidade muito forte de ser um “passeio”. Igual ou lá perto só mesmo Câmara de Lobos.

Manifesto eleitoral mais do que cumprido

Claro que nestas coisas das eleições quem manda é o eleitorado. E a verdade é que em 2013 houve mesmo muitas surpresas e garantido, garantido mesmo só quando houver a contagem dos votos. Estamos, por isso, no campo das probabilidades e da leitura política num período de pré campanha que já começa a ser como o tempo: quente, a puxar para o muito quente.

Carlos Teles lembra que quando assumiu este compromisso com os calhentenses fê-lo com um manifesto eleitoral que diz ter sido “cumprido”, reforçando mesmo ter ultrapassado o que estava no documento, ainda que, conscientemente, considere que “há muito por fazer, porque quatro anos não dão para tudo”. Fala na contenção financeira, no reequilíbrio necessário, na consolidação orçamental como “pontos chave” de sucesso de uma política assente no “realismo” e pouco dada a “promessas”.

Redução do IMI à taxa mínima e apoio à agricultura

O autarca e candidato do PSD afirma que a gestão da Câmara assentou “num saneamento financeiro desde 2008, que conseguimos liquidar e que, por via disso, permitiu-nos adotar medidas que visaram o benefício dos munícipes”. Enumera, neste contexto, “a redução do IMI à taxa mínima (0,30)”, bem como “uma redução de taxas agrícolas, na área da construção de estufas e de tanques de rega”. Lembra a evolução que o concelho tem vindo a registar no Turismo para referir a influência do mesmo no desenvolvimento da agricultura. “A nível agrícola, somos já um concelho exportador, muito devido ao turismo rural e ao alojamento local”. A distribuição gratuita de 12 toneladas de raticida constitui ainda outro dos apoios concedidos pela Câmara, ao longo dos últimos dois anos, como contributo “importante para quem cultiva a terra”

Investimento com “responsabilidade financeira”

Sempre com a “responsabilidade financeira no horizonte”, a autarquia não perdeu de vista o investimento naquele setor agrícola, que no quadro atual de desenvolvimento do concelho, deve ter uma “particular atenção” como forma de ir ao encontro de um nicho de mercado e de um núcleo de população de “relevância vital” para o futuro global da Calheta. Regista-se a construção de cinco caminhos agrícolas “com o apoio da União Europeia, como não poderia deixar de ser”.

Calheta de Esperanças” apoia famílias

A tónica do discurso mantém-se neste universo de quatro anos, cujo mandato está quase no fim. Carlos Teles fala na área social, nos centros sociais, na natalidade e nos incentivos criados para uma realidade que afeta todos os concelhos, pelo que a Calheta “não é exceção”. O programa “Calheta de Esperanças” atribui, dos 0 aos 3 anos, um apoio mensal às famílias, no valor de 50 euros. Para incentivar e elevar os níveis de natalidade.

Com a estabilidade financeira de “mãos dadas” com o investimento, a Calheta posiciona-se num patamar de alguma tranquilidade, diferente daquilo que se verifica noutros concelhos. O presidente da autarquia remete para o anuário financeiro que, como diz, “é insuspeito relativamente à realidade, uma vez que somos um dos quatro concelhos da Madeira com bom desempenho financeiro. Melhor prova que esta não pode haver. Estamos completamente à vontade. Além de que, quando andámos em campanha, há quatro anos, as pessoas diziam-nos para ter cuidado com as promessas porque o tempo era de contenção, de manter o que nós temos com muita responsabilidade. Foi o que fizemos”.

Conclusão da via expresso para a Ponta do Pargo é “fundamental”

Sendo o maior concelho da Região, em extensão, naturalmente que a política de gestão integrada torna-se mais complexa. A oposição, por exemplo, queixa-se de um desenvolvimento desequilibrado, muito concentrado no centro e descurando um pouco as freguesias mais distantes. O autarca candidato social democrata discorda. Admite o problema resultante da dimensão do concelho e da dispersão que isso implica, mas atribui grande parte do problema à falta que faz a via expresso até à Ponta do Pargo, situação que, uma vez concluída, “vai permitir que aquela freguesia também sinta o desenvolvimento e o interesse do investimento privado”. Afirma ter o compromisso do Governo Regional para a conclusão da obra e diz ter a plena “consciência que a conclusão da via expresso é fundamental para o desenvolvimento sustentável de todo o concelho”.

Procura de privados pela Ponta do Pargo e Fajã da Ovelha

Apesar de reconhecer que a melhoria da acessibilidade é de grande relevância, não deixa de recorrer aos números que diz ter conhecimento, naquilo que se prende com o atual cenário de desenvolvimento turístico, tanto na Ponta do Pargo como na Fajã da Ovelha, onde “houve procura de privados para os seus investimentos ao nível do alojamento local”, até porque, explica, “o Governo fez e muito bem, porque era uma nossa pretensão enquanto não se conclui a via expresso, que foi a beneficiação e asfaltagem da antiga estrada regional, que é uma realidade”.

Calheta precisa de três grandes obras

Para Carlos Teles, “a Calheta precisa de três grandes obras, a via expresso até à Ponta do Pargo, a escarpa da vila da Calheta e outra é a estrada de acesso ao Jardim do Mar e Paul do Mar, uma zona que tem um problema de segurança e que está a ser alvo de um estudo por parte da secretaria regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, no sentido de fazer obras que possam melhorar as condições de segurança”. Como alternativa, de solução futura, aponta a saída para a Fajã da Ovelha.

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Um posto de informação turística, uma feira mensal de artesanato passando pelas oito freguesias do concelho e um gabinete do investidor em relação direta com o presidente da Câmara, são propostas que Carlos Teles faz aos calhetenses para novo mandato.

É nesse futuro que o candidato do PSD está concentrado. Tudo passa pelo turismo, direta ou indiretamente. É um setor em franco progresso, com um desenvolvimento registado que assenta em unidades hoteleiras já com distinções internacionais. Quer manter o que está bem e aumentar a qualidade, das condições de investimento e da forma como o turismo é recebido no concelho. Por isso, um dos objetivos está apontado para “um posto de informação turística”, além de apostar “na reabilitação urbana da zona da vila da Calheta, bem como de outras freguesias, um trabalho que envolve uma negociação com particulares que são proprietários de terrenos e com quem temos que falar”.

Uma feira mensal passando pelas freguesias

A promoção “é para manter, através da aplicação já existente, com toda a oferta disponível no concelho, continuando a mostrar o que temos em matéria de levadas, de desportos radicais, de roteiros, além do património material e imaterial”. E tem uma proposta para apresentar à população da Calheta: uma feira de artesanato local, com a periodicidade mensal e passando pelas oito freguesias do concelho, onde poderíamos mostrar o trabalho das pessoas que fazem autênticas obras de arte e que estariam expostas, não só aos madeirenses mas também aos turistas”.

Gabinete do presidente é também do investidor

A Calheta dispõe, na perspetiva de Carlos Teles, “de espaço para aumentar o número de camas”, remetendo esta afirmação para “estudos que vão nesse sentido”. Lembra o “grande investimento de qualidade que o concelho ostenta em termos hoteleiros, com reconhecimento internacional, investimentos que foram feitos inclusive numa altura de crise, o que é bem demonstrativo das capacidades que temos aqui”. Para mais, depois de concluídas as obras consideradas determinantes, é de opinião que haverá ainda “maior investimento privado”.

É neste enquadramento que tem um objetivo para um próximo mandato, se for eleito: “Uma das propostas que temos vai no sentido de que o gabinete do presidente da Câmara seja, simultaneamente, o gabinete do investidor, onde quem pretenda investir seja recebido, em primeiro lugar, pelo presidente, que dará todas as indicações e encaminhará para os respetivos departamentos da autarquia, no sentido de darem o andamento necessário. Pensamos que este atendimento personalizado é importante para quem pretenda fazer investimento no concelho”.

Projetos “interessantes” ao nível turístico

Carlos Teles anuncia a existência, neste momento, daquilo que, sem desvendar pormenores, considera como “projetos interessantes”, alguns já deram entrada na Câmara, encontrando-se numa fase de análise, “uns estão mesmo para parecer em serviços do Governo Regional, como preveem projetos desta envergadura”.

Aquilo que alguns autarcas evidenciam como uma preocupação acrescida para manter os turistas no concelho, merece da parte de Carlos Teles uma posição contrária. Diz mesmo que essa não é uma questão importante. “Temos turistas que fazem praia na Calheta e que estão hospedados noutros concelhos. A Madeira não é assim tão grande que me faça qualquer confusão para manter o turista na Calheta. Lá se foi o tempo em que o turismo era só Funchal, Porto Santo e a casinha de Santana. Hoje há muito mais do que isso, há turismo em todos os concelhos”.