Jardim critica Estado da Região e “união nacional” submissa ao “colonialismo”

O ex-presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, veio comentar através de artigo tornado público o debate sobre a o Estado da Região, questionando “qual o interesse de a “classe política”, a “situação” e a “oposição”, se transformar numa união nacional”.

Para o antigo chefe do Executivo, “não se trata apenas de um político-culturalmente indigente regresso à “Madeira Velha”. A par, a “classe política” quer garantir, no futuro próximo, o seu lugarzinho, governação, parlamentar ou autárquico”, afirma.

“Para “mostrar trabalhos”, mete-se a trocadilhos políticos inócuos, despidos de qualquer conteúdo significativo, alindados por propaganda, “eventos”, fotos, etc. Obedecendo caninamente às políticas europeias erradas, enjeita o investimento que gera emprego, disfarçando o desemprego com iniciativas em que o erário público paga o que, de facto, não é  criação de um novo posto de trabalho”, critica.

Para Jardim, “une esta “classe política”, de um terror comum do passado recente, fonte das suas frustrações e complexos. Passado quando, então sim, havia debate na imprensa de papel e não a vergonhosa situação actual de monopólio, com  que conhecido lóbi exerce o controlo da formação da opinião pública regional”, volta a atacar.  “Lóbi que põe uns e põe outros. O mesmo lóbi coloca o poder e coloca a liderar a oposição um já comprovado perdedor, assim transformado em seguro de vida para a continuidade da “situação” desejada pelo lóbi”, denuncia Alberto João Jardim, para quem “tudo isto ante a abstenção de alguns na prática das suas obrigações de cidadania, porque têm medo de consequências”.

“Mas mesmo que as criaturas amancebadas em união nacional contra o passado recente que mudou a Região e combateu os senhorios do mal, como personagens fúnebres se empenhem na deturpação da História, a Verdade não será completamente censurada enquanto houver vida, saúde e alguns espaços de liberdade informativa, hoje na Madeira autênticos sobreviventes”, garante.

“Nem se dão conta das manobras “esquerdistas” de desestabilização que, pelas mãos de tipos há muito identificados, andam pela televisão regional”, prossegue.

Para o ex-presidente, “a História, às vezes, mostra-nos a necessidade de também desaparecer a geração do imediatamente depois, quando decadente, para a justiça, a verdade e a eficiência se consolidarem à tona de água. Pondo fim ao surrealismo contracivilizacional de serem os futebolistas “aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando” (isto é Camões, explicação para quem infelizmente O desconheça). Aquilo que Jurgen Habermas chama “espectáculos de aclamação”.

Temos uma “oposição” para inglês ver – ou para agradar ao inglês – que continua de cócoras ante o colonialismo. Veja-se esta de ser contra os Direitos do Povo Madeirenses sobre o nosso litoral marítimo! Vomita argumentos ridículos, demonstrando assim querer persistir na sabotagem ao investimento”, fulmina Jardim.

“Sabotagem sobre a qual a República Portuguesa já devia ter legislação para responsabilizar OBJECTIVAMENTE todos aqueles que, com as suas intervenções sem provimento judicial, causaram prejuízos a uma iniciativa económica, pública ou privada.

Em vez da situação a que a “geringonça” vem arrastando o País, urdindo um desrespeito pelas Forças Armadas e pela Polícia de Segurança Pública!”, prossegue.

“Por outro lado, em consequência da grave situação nalgumas áreas nossas concorrentes, o turismo felizmente cresceu. Não resulta só de algo recente, mas sobretudo de uma promoção turística de há muitos anos, pois todos sabem o seu efeito, neste ramo, não ser imediato.

O não crescimento das receitas fiscais indicia arrefecimento económico, pelo que não se pode camuflar de “desporto” alguns “happenings” burgueses, em detrimento das modalidades que mobilizam o Povo.

E se está tudo assim tão bem, porquê o “braço de ferro” nas actualizações laborais na hotelaria?

Nos transportes, o Estado trama-nos ao não cumprir o princípio da continuidade territorial expresso na lei. Como outrora, é preciso dar-Lhe luta. Não andarmos numa indefinição que vem causando instabilidade nas pessoas e nas famílias e que parece, agora, até se pretender estender aos portos!”.

“O nosso débil erário público não pode andar sempre vergado à minoritaríssima opinião publicada e, em consequência, ir pagar milhões em subsídios a meios de transporte, só para opaca e demagogicamente suprir promessas loucas!… E vai um deleite visual que nos inebria neste tempo pré-eleitoreiro!… Desafia-se elementares conceitos de estética e de bom senso, com criaturas a multiplicar fotografias suas numa só edição do monopólio escrito em papel, e todos os dias!… Claro que podem retorquir “ no teu tempo era a mesma coisa…”. Ah! Mas com uma diferença!… Então, as mais do que uma fotografia diária, documentavam a inauguração de diferentes coisas novas, sempre novas concretizações. Hoje, são anúncio de algo que ainda há de vir. São registos de promessas nas quais o bom-senso não encontra provas dadas, nem dinheiro, para acreditar”, aponta.

“Esta lufa-lufa pré-eleitoreira dos partidos da união nacional ainda traumatizados pelos seus insucessos e frustrações pessoais na História recente, é um esforço extenuante que até pode sobrecarregar mais o Serviço Regional de Saúde.

Serviço que a folha n.º1 dos Blandy – a n.º 2 ainda não entrou por aí… – anda apostada em denegrir, vá lá os mais distraídos não saberem porquê…

E de quem foi a tão pouco inteligente estratégia de fracturar o PSD/Madeira entre o antes e o depois da impropriamente autodenominada “renovação”?

Suicídio de omitir todo o Trabalho anterior dos autonomistas sociais-democratas, património político-cultural com substância na situação actual”, prossegue o autor.

“Por exemplo, é inadmissível que no Parlamento mais fraco da História da Autonomia, a “situação” não responda à ignorância e à chicana da “oposição” sobre recursos aquíferos, lembrando que hoje já não há a injustiça social de “regar de noite” porque os autonomistas sociais-democratas encheram a Ilha de estruturas adequadas; lembrando que há água, porque os autonomistas sociais-democratas fizeram grandes obras de engenharia que a trouxeram da costa norte para o costa sul, ante uma omissão informativa dolosa e autoflagelante que só idilicamente falava de levadas; lembrando que o Porto Santo é habitável e tem futuro porque os autonomistas sociais-democratas lhe resolveram o problema da água; lembrando que aquelas soluções que então foram improvisos, assentavam na necessidade de, com pressa, enfrentar situações inadiáveis e no pressuposto de que a vida continuaria com quem viesse a seguir; lembrando que a água, por ser insular, sem territórios contíguos que a forneçam, é tão importante para o Povo, que a sua captação, adução e distribuição obrigam a legislar um comando único. Não podem andar à mercê de “capelinhas” e de vaidades, nem “diálogos” para união nacional parecer “democrática”.

“Isto, sim! É debate político. Não as fastidiantes chachadas do costume”, conclui o ex-chefe do Executivo.