“Garcês é PSD e só faz o que convém ao PSD”, diz candidata da CDU em São Vicente

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“Medo, as pessoas têm medo. Ameaçam que vão cortar certas regalias. E esse modo de atuar continua”. Foto Rui Marote

Ester Pereira é a aposta da CDU para a candidatura à Câmara Municipal de São Vicente. Uma independente, de 68 anos de idade, aposentada, que aceitou o desafio por uma razão essencial: revê-se nos princípios desta coligação, olhou para o programa e aceitou porque “esses valores estão virados para o povo”, que diz ser a parte mais importante deste combate político. Não poupa a gestão de José António Garcês, que acusa de em altura de eleições “pagar viagens por causa dos votos”.

É como se fosse o PSD a mandar”

Foi rececionista de uma unidade hoteleira durante 33 anos, chegou a ser sindicalista. É do Funchal mas vive em São Vicente há seis anos e sobretudo “vive São Vicente”, sente-se bem ali. E não tem dúvidas, quando falamos desta missão e do confronto que aí vem a 1 de outubro: “Não vejo grande ação, é como se fosse o PSD a mandar e perto das eleições é comprar votos, oferecem viagens e tudo e mais alguma coisa para tirarem partido dos resultados. Pagam a parte que a Segurança Social não suporta, nos medicamentos, e dizem que isso é para os necessitados, mas eu sei que há gente a receber dinheiro de medicamentos e tem três casas arrendadas, a casa onde estou e mais duas. Não estou a falar de casas abandonadas”.

Não vejo onde está a independência”

A candidata comunista não deixa margem para dúvidas sobre o que pensa do atual presidente da autarquia: “É PSD. E só faz o que convém ao PSD. Politicamente, não vejo onde está a independência”. Coloca o cenário político como se nunca tivesse saído das mãos do PSD. Oficialmente, não foi isso que aconteceu. Por isso, quando falamos de hegemonia social democrata, durante tantos anos, é uma referência anterior a 2013, muito fruto de um comportamento conservador do eleitorado. Ester Pereira tem uma explicação e usa um tom forte de voz para dizê-lo “Medo, as pessoas têm medo. Ameaçam que vão cortar certas regalias. E esse modo de atuar continua, apesar de não ser com o nome PSD. O atual presidente candidatou-se como independente, mas voltou à barriga da mãe, ou do pai”.

Falta de transportes públicos

Passa das acusações à estratégia que vai defender junto do eleitorado do concelho. Quer combater o isolamento, que considera ser “um grande e grave problema de São Vicente”. Afirma que há uma lacuna que tem sido visível ao longo dos anos e para a qual os políticos devem ter respostas. “Falo da falta de transportes públicos, as acessibilidades internas são difíceis e muitas pessoas, para virem à vila, pagam 10 euros para vir e mais 10 euros para ir, de táxi. E os turistas, muitos, também procuram transportes públicos e não têm. Existem os autocarros que transportam os alunos, mas ficam na rotunda, não chegam até à zona litoral. Para a juventude, “a aposta no turismo é fundamental, através de alojamento local, com caraterísticas rústicas, envolvendo passeios a pé e exploração dos nossos caminhos”. Diz que “é preciso fixar os jovens, que neste momento não têm alternativas. E o turismo parece ser o melhor caminho”.

O medo não leva a nada”

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Defende a existência de um mercado, “mas não aquele que o presidente da Câmara diz ter instalado, que representa alguns agricultores que ali chegam com dois ou três cestos e um “chapéu de sol”. Foto Rui Marote

A candidata da CDU defende uma autarquia para as pessoas e diz ser importante que a Coligação Democrática Unitária tenha um lugar no futuro elenco camarário. Justifica que “uma vereação com vários partidos governa melhor”. É isso mesmo que vai procurar transmitir aos eleitores nesta sua primeira experiência política. E acima de tudo dizer-lhes que “o medo não leva a nada. É preciso enfrentar os problemas olhos nos olhos. Temos diferenças visíveis. Isto é uma coligação, não é um partido”.

CDU defende um mercado e exploração de água mineral

Ester Pereira reconhece que as pessoas têm medo dos comunistas. “Olham a CDU como para o PCP. Acham que o comunismo é o “bicho papão” e têm essa imagem “por causa daquilo que o atual governo quis passar”. Mas a candidata espera desmistificar esse quadro comportamental e prepara-se para desenvolver esforços à volta das suas propostas. Quer apostar no “teatro, cinema, biblioteca, bordado, vimes”. Defende a existência de um mercado, “mas não aquele que o presidente da Câmara diz ter instalado, que representa alguns agricultores que ali chegam com dois ou três cestos e um “chapéu de sol”. E chama a isso mercado”. Quer mais do que isso. E aponta objetivos, também, “para um parque de campismo, para os apoios aos agricultores e para a exploração de água mineral, uma riqueza do concelho”.