“Governo está a boicotar Santa Cruz e este PSD não é renovado, é mais refinado”, acusa Filipe Sousa

Filipe com povo B
Filipe Sousa não perdoa a atitude de alguns secretários e de Albuquerque “Vou dizer-lhe, olhos nos olhos, que o povo de Santa Cruz está a ser roubado”.

A dialética partidária, que tem dominado o dia a dia do concelho de Santa Cruz, sobretudo nos últimos tempos, apresenta registos de elevada tensão, particularmente tendo JPP, PSD e Governo como protagonistas. Acusações atrás de acusações, respostas atrás de respostas, um conjunto infindável de episódios que a proximidade das eleições poderá acelerar ainda mais. Filipe Sousa explica, numa primeira reação, com o facto do PSD ter perdido, há quatro anos, o segundo maior concelho da Região. Para o Governo, uma acusação: “Está a boicotar Santa Cruz”. Para contrariar a candidatura do “Juntos Pelo Povo”, o PSD escolheu o jornalista Roquelino Ornelas.

PSD delapidou Santa Cruz e não apresentou uma única proposta

“Sinto-me agradado pelo facto do PSD, que delapidou por completo o concelho, não ter apresentado, nos orgãos municipais, qualquer proposta que visasse minimizar o mal que fez a Santa Cruz. E as críticas revelam que a governação autárquica do JPP incomoda, porque se trata do segundo concelho e da principal entrada na Região”, diz Filipe Sousa.

O candidato aponta a ecotaxa como um dos pontos criticados pelo PSD, hoje “uma fonte importante de receitas do concelho”, com previsão de 750 mil euros anuais e com 70 mil arrecadados em maio, e que já motivou, por parte do próprio Governo Regional, “o pagamento de estudos para futuramente colocar em prática essa ecotaxa”. Diz que “quem está a pagar não é o povo da Madeira nem o de Santa Cruz, mas sim aqueles que nos visitam. E por paradoxal que possa parecer, já são os hoteleiros a dizerem que um euro é pouco, que deveria ser mais”.

Filipe Sousa lembra que até na Assembleia Regional “praticamente só se fala de Santa Cruz”. Por isso, refere, “fico satisfeito com isso, dá-nos palco”.

A resposta imediata às críticas é uma estratégia da liderança camarária do JPP. Filipe Sousa confessa que sempre foi assim. “No tempo do Savino, Gaula era a terra do Asterix, era do Filipix. E sempre tive o hábito de responder, aquilo que merecia resposta. Mas é importante repor a verdade quando sentimos que as acusações não são verdadeiras. Há pessoas que ouço falar e interrogo-me como é possível serem assim”.

Governo anda a boicotar a Câmara

E neste contexto, vem o Governo à colação. O autarca não tem dúvidas: “O Governo Regional anda a boicotar sistematicamente a Câmara de Santa Cruz”. Sobe de tom e direciona críticas a Albuquerque e “a dois ou três secretários”. Quando aponta nomes, sabe-se que fala especificamente de Rui Gonçalves “que veio mentir na sessão solene do dia do concelho”, e de Eduardo Jesus. “Não perdoo nem aceito que o Parque Empresarial da Cancela seja um palco para garantir tacho para os boys do PSD. Está a decorrer um processo negocial, nas costas do povo de Santa Cruz, com o Governo a querer vender, através de promessa de venda, aquilo que é da Câmara. O caso está nos tribunais e temos o título de posse, por isso não acredito que qualquer tribunal dê razão ao Governo”.

A este propósito do Parque Empresarial dá mais uma achega, abordando as críticas que lhe fazem a pela circunstância de ter contratado uma sociedade de advogados do Continente: “Criticam-me de contratar uma sociedade de advogados, a quem vou pagar 700 mil euros ou mais, em quatro anos, para defender o povo de Santa Cruz em mais de cem processos, mas o Governo gastou mais de 100 mil euros num único processo, do Parque Empresarial, para tirar o que pertence ao povo de Santa Cruz”.

Este PSD não é renovado, é mais refinado

Filipe Sousa mantém o tom elevado de crítica quando aborda este assunto, não esconde a revolta e aponta “baterias”, primeiro para o presidente do Governo: “Vou dizer-lhe, olhos nos olhos, que o povo de Santa Cruz está a ser roubado”. Depois põe o PSD na mira: “Peca muito por estas atitudes”.

O PSD, o novo PSD, merece do candidato e presidente de Câmara uma abordagem pouco positiva: “Este PSD não é renovado, é mais refinado que o anterior. Faz a mesma coisa mas com mais atenção.

Tive afrontas políticas com o Dr. Jardim mas respeito-o

Por comparação, surge Alberto João Jardim pelo meio da conversa: “Olhe, eu tinha uma relação cordial com o Dr. Alberto João Jardim, e ainda tenho, é uma pessoa que eu respeito, isto é mesmo verdade. Podia ter todos os defeitos, mas é uma pessoa frontal e muito ponderada. Tive afrontas políticas com o Dr. Jardim, ele abandonou uma campanha em Gaula por ter sido assobiado, mas respeito-o muito enquanto pessoa. Agora, estas pessoas que estão no Governo, da minha parte, não merecem respeito”.