Criadores de gado aproveitam tosquias para fazer apologia do “pastoreio controlado”

 

As tradicionais tosquias, onde se retira a lã das ovelhas, estão na ordem do dia. As reivindicações dos criadores de gado crescem, face às muitas dificuldades e proibições que se lhes levantaram durante muito tempo, a bem da recuperação do coberto florestal da ilha. E, em período de pré-eleições autárquicas, muitos são os partidos e os candidatos que admitem rever a legislação e a prática dos costumes tradicionais do pastoreio. As associações representativas dos interesses dos criadores de gado insistem na alegada importância económica do mesmo para alguns grupos de pessoas; os detractores insistem em que não há famílias que dependam do pastoreio, que o que se passava era que muitos deixavam cabras e ovelhas ao deus dará na serra e que estas foram causando graves problemas às espécies botânicas e enfraquecendo as terras pela ausência de espécies vegetais que as sustentassem, decorrendo daí escorregamentos em caso de aluvião. Já os pastores insistem que o gado em certas zonas de serra ajuda a prevenir incêndios.

O que é certo é que este ano se verificam vários dias de tosquias. Ainda esta manhã elas decorrem no Terreiro Feixo, nas serras de Santo António. Prevê-se que Paulo Cafôfo esteja presente. O edil funchalense tem revelado uma postura de grande abertura em relação à discussão da questão do “pastoreio ordenado” e insistido nas suas possíveis virtudes, inclusive realizando conferências sobre o mesmo.

Por outro lado, o Funchal Notícias sabe que as tosquias têm servido para mobilizar os criadores de gado em torno da sua causa e que, dentro de vários partidos políticos, têm circulado SMS (mensagens de telemóvel) a apelar para a presença no evento de hoje, “caso sejam a favor do pastoreio controlado”.

Tudo isto é, em termos gerais, muito mal visto por biólogos e cientistas, mesmo os partidários de diferentes forças políticas.