Simplicidade típica de Alberto Caeiro torna exame de Português acessível mas tudo se joga na interpretação e redação

O mestre dos heterónimos de Fernando Pessoa abriu hoje o exame nacional de português, primeira fase, com alguma surpresa para os estudantes que esperavam talvez José Saramago, uma vez que a sua obra Memorial do Convento sai do programa nos próximos dois anos. Mas opções são opções e o IAVE quis falar aos alunos na linguagem sensorial e concreta de Alberto Caeiro, por caminhos metafóricos, para lembrar aqueles poetas que são uma metáfora dos carpinteiros por oposição à defesa de uma vivência em comunhão com a natureza, de mãos dadas com as flores, olhando o mundo e vendo nele toda a a poesia.

De uma forma global, o exame é considerado acessível e incide sobre conteúdos programados e trabalhados em sala de aula. O que fará a diferença será certamente a resposta a cada questão do I grupo, onde se avalia sobretudo a capacidade de interpretação e de redação.

Depois de Caeiro, a opção pelo texto autobiográfico de Vergílio Ferreira, num texto pleno de recordações intrincadas, numa infância marcada pelas partidas, como se de um “longo inverno” se tratasse. Um conteúdo de 10.º ano a vir à tona no exame e que deixou alguns alunos com dúvidas sobre o destino das partidas evocadas pelo eterno Vergílio Ferreira.

A interpretação e escolha múltipla com as habituais questões gramaticais continuam a formar o grupo II, com algumas “armadilhas” pelo meio que poderão confundir o leitor menos atento ou preparado. No entanto, para alguns estudantes foi mais acessível do que o I Grupo.

Finalmente, uma produção de texto a convidar o aluno a expor a sua perspetiva pessoal sobre o modo como o passado é percecionado através da memória.

Os estudantes têm uma fase de exames pela frente e já esta tarde enfrentam também o de Filosofia.

Em julho, está contemplada uma segunda fase para quem faltou à primeira ou pretende melhorar a nota.