Crónica Urbana: Sinalética para um povo cabisbaixo

Rui Marote
Relembremos um pouco da história da sinalização, e de que a mesma, progressivamente a partir dos séculos XVIII e XIX, pouco a pouco deixou de ser escrita em colunas ou pedras…
Fomos surpreendidos na passada sexta-feira uma equipa de uma firma construtora  a substituir na calçada um paralelepípedo de basalto por outro de cor amarelada, tendo uma inscrição gravada com uma seta assinalando o local.
Tal fez-me recordar os meus tempos de escuteiro, em que tínhamos de aprender a sinalética a usar nos acampamentos ou nos jogos. Aqui fica um quadro elucidativo desses sinais. Nos dias de hoje, os escuteiros já tem outras técnicas  muito evoluídas ao seu dispor, o telemóvel, o GPS, a Internet… Enfim, uma série de ferramentas ao dispor. O tempo da pedra lascada acabou. Hoje vão para os acampamentos em carrinhas e as refeições o “take way” leva à porta da tenda…
 
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Todo este regressar ao passado para assinalar  que no centro histórico da Sé e de São Pedro surgiu uma estranha iniciativa da Câmara Municipal do Funchal, para entreter os madeirenses e os turistas que passam o tempo a olhar para o chão.
Talvez a ideia seja realmente útil  numa cidade esburacada, e possa prevenir menos acidentes ao longo das “ratoeiras” que há na via pública. Já agora, porque não o sinal de caminho a evitar (ver no quadro).
Assisti à colocação destes “marcos geodésicos” na rua onde resido, referenciando a indicação ‘Igreja Inglesa’, quando no início da Rua do Quebra-Costas existem nos dois lados dísticos  com indicação da igreja e um outro em mármore com o nome Rua Nova da Bela Vista, que coloca os turistas confusos com  estas duas  denominações. Apesar de toda esta sinalética os turistas continuam com os mapas, como aconteceu ainda hoje em frente à igreja de São Pedro (ver foto).
As fotos com que ilustramos o que dizemos elucidam os leitores do número de placas que vão conspurcando os edifícios, já não bastando o emaranhado de fios de telefone e de TV Cabo, que nos faz lembrar as favelas ou os ranchitos…
Compreendemos que a Câmara quer mostrar serviço numa altura destas, distribuindo umas guloseimas, numa cidade esburacada nos passeios e na rede viária. Resta aguardar que nas estradas sejam deitadas não “meias solas” mas sim “solas inteiras e capas”.