Monumentos: reivindicamo-los e abandonamo-los

 

Rui Marote

No próximo dia 12 de Julho completam-se três anos desde que a Fortaleza do Pico é património regional.
As reivindicações tiveram o seu ponto alto durante o mandato de Paulo Portas, quando este foi Ministro da Defesa. Naquele local estava instalada a rádio naval, que impedia a entrega ao Governo da Região desta fortaleza.


O ministério da Defesa entregá-la-ia em troca de um espaço onde fosse instalada a estação de rádio naval. Só anos mais tarde, durante o Governo de Sócrates, a entrega se concretizou, mas a Marinha continua à espera dessas instalações, que caíram no esquecimento. Sabemos, entretanto, que a Marinha disponibiliza verbas avultadas para aquartelar os militares em serviço na Região.


O comandante naval agora de saída, Nuno Silva Pereira, que tinha a sua residência no edifício da Capitania do Funchal, deixou essas instalações para ali instalar serviços administrativos, e recorreu ao aluguer de um apartamento na área do Funchal, para residência.
Enquanto a Marinha esteve na Fortaleza do Pico, aquele espaço era visitado diariamente por centenas de turistas que fixavam imagens panorâmicas da cidade do Funchal.
O Governo Regional encerrou-o para obras, colocando um cartaz em Português e Inglês, dizendo “encerrado/closed”.


Diariamente, dezenas de turistas batem com o nariz na porta, limitando-se a fotografar o portão.
Hoje estivemos no local e tivemos a sorte de, de um momento para outro, o portão se abrir como se fosse um “abre-te sésamo”, para saída de uma carrinha da Edimade. Abordámos o motorista e perguntámos se as obras em curso tinham data. Respondeu não há data de finalização, uma vez que os trabalhos foram iniciados no passado dia 20 de Maio.
As obras em curso estão sob a alçada da Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura, mas estão a ser executadas pela Secretaria dos Assuntos Parlamentares e Europeus. Neste momento está a ser construído um café com esplanada, para dar de concessão a um empresário, e ainda está a ser preparada uma sala de exposições, sob a batuta de Francisco Clode de Sousa, director de serviços de Museus e Património.

 Recorde-se que a Fortaleza foi posta a concurso, mas o mesmo ficou deserto. O Governo está a realizar estas obras à custa do erário público.


Não sabemos se o Governo já abriu concurso para este espaço e que destino lhe será dado.
O mesmo se passa com o Museu Vicentes, que continua sempre adiar as obras naquele espaço. Os turistas todos os dias fotografavam através das grades a fachada que, a continuar sem restauro, dentro de algum tempo estará no chão.


Do Forte de São Tiago, saiu o Museu de Arte Contemporânea.  Falou-se em ali criar um museu arqueológico. Vai resistindo ao tempo graças ao proprietário do restaurante, que vai caiando uma vez por outra as paredes exteriores do Forte.
Há uns anos reivindicámos o Palácio de São Lourenço com a celebre frase “É Meu, É Teu, é Nosso”, uma propaganda que serviu a um órgão de informação para levar 40.000 euros para liderar a campanha.
Se o Palácio tivesse sido entregue, pelo andar dos outros espólios reivindicados, as cadeiras já estariam infestadas de caruncho enquanto o Palácio aguardava que lhe fosse dado um destino ou função…