Multidões visitaram durante o fim-de-semana o submarino da Marinha Portuguesa “NRP Arpão’

Fotos: LR

O submarino ‘Arpão’, de visita ao porto do Funchal no fim-de-semana que passou, atraiu multidões interessadas em visitar esta embarcação moderna, vocacionada para missões de protecção avançada à força naval portuguesa ou aliadas, patrulha de área oceânica, anti-submarina e/ou ant-superfície; vigilância da Zona Económica Exclusiva no quadro de uma política de dissuasão a infracções ambientais e de segurança, vigilância e recolha de informações discretas, junto à costa de um opositor, ou em zonas sob o seu controlo, ataques selectivos a interesses de alto valor estratégico na zona litoral do inimigo, interdição de áreas focais junto a portos, costa ou zonas de navegação de elevado interesse para o opositor através de operações de minagem e de luta anti superfície, introdução discreta de elementos de forças especiais ou vigilância de actividades ilícitas nas zonas costeiras, como o narcotráfico.

 

A população quis saber o que ficou a ganhar a Marinha Portuguesa com os tão famigerados submarinos de Paulo Portas, que muito custaram ao contribuinte e ainda alimentaram escândalos de favorecimento e desvios de dinheiro; mas, polémicas à parte, ficou a impressão de elementos da Marinha imensamente disponíveis para o contacto com a população, e de embarcações que, não sendo extraordinárias, são sem dúvida de tecnologia muito mais moderna, a beneficiar a Marinha Portuguesa, a serem capazes de cobrir e vigiar largas extensões de domínio marítimo português e com capacidades evidentes e a representar melhorias significativas ao nível das dimensões e da missão das nossas Forças Armadas.

Tubos de lançamento de torpedos

O portal da Marinha salienta o elevado nível de automatismo do navio, traduzido numa guarnição de apenas 33 tripulantes (neste caso eram 44) o que reduz consideravelmente os custos de operação, mantendo no entanto uma alargada autonomia de 60 dias.

Os submarinos 209 PN, construídos na Alemanha, são de construção modular, o que “permitirá uma mais fácil modernização com menores custos traduzindo-se num indiscutível salto tecnológico e de manutenção na arma submarina”.

O “Arpão” desloca cerca de 2000 toneladas em imersão e está optimizado para operar tanto em espaços oceânicos profundos como em zonas litorais com fundos muito baixos, “fruto da sua enorme manobrabilidade e capacidade de controlo de cota a baixas velocidades”.

Pode descer a cerca de trezentos metros de profundidade e pode ser armado com torpedos Black Shark, mísseis de longo alcance Sub-Harpoon (mar-mar e mar-terra) e minas. Possui um complexo sistema de sonares que permite a detecção e identificação a longa distância; um periscópio penetrante e um mastro optrónico (com câmaras de vídeo e infravermelhos); sistemas de guerra electrónica avançados nas bandas de Radar e de Comunicações (inclui recolha de informação) e sistema de Comando e Controlo totalmente integrado.

Muitas pessoas, constituídas por pessoas de todas as idades, fizeram filas enormes durante o fim-de-semana para poderem conhecer o ‘Arpão’. O entusiasmo das crianças com o que viam era evidente, enquanto o interesse e a curiosidade dos adultos era assinalável e fê-los, em muitos casos, esperar quase uma hora para poderem entrar no navio.

O ‘Arpão’, da classe ‘Tridente’, foi lançado à água em 2010 e já percorreu cerca de 25 mil milhas marítimas. Tem uma guarnição habitual de 7 oficiais, 10 sargentos e 16 praças. Pode embarcar 14 militares das Forças Especiais e soltá-los discretamente em qualquer ponto. Submerso, atinge cerca de 20 nós de velocidade, enquanto que à superfície fica-se pelos 10 nós. Desloca 2020 toneladas imerso e 1842 à superfície. Mede 67,9 metros de comprimento.

A bordo, como na maioria dos submarinos, a maior parte do espaço é equipado por maquinaria e equipamento tecnológico, sendo os aposentos naturalmente exíguos, mas mesmo assim razoavelmente confortáveis.

 

A existência de uma casa de banho com duche é um luxo significativo para quem pode permanecer vários dias submerso, e que se encontrava ausente em anteriores submarinos da Marinha Portuguesa, como por exemplo o vetusto “Barracuda”.

Tudo, cozinha, camarote, zona de refeições, alojamentos de campanha, é apertado e estreito, mas a tripulação não é claustrofóbica… nem pode ser. A zona de comando e controlo do navio, aquilo a que poderíamos chamar “ponte de comando”, é a mais ampla e de onde se comandam quase todas as operações do mesmo.

Construído em Kiel, Alemanha, o segundo dos dois submarinos da classe Tridente, tem efectuado missões de vigilância da área marítima de interesse nacional, participado em exercícios nacionais e NATO e integrou em 2012, a Standing NATO Maritime Group 2, no âmbito da qual participou na Operação “Active Endeavour”, operação que decorre no Mar Mediterrâneo sob a égide da Aliança do Tratado do Atlântico Norte e que visa o combate ao terrorismo.

Foto Marinha