Crónica Urbana: o Circo chegou à cidade, sem feras… em dia de enchente de turistas…

 

Rui Marote
É de bradar aos céus. Interrogo-me porque tenho de ser sempre o “mauzinho”. Há quem faça bandeira apregoando pretender fazer do Funchal a primeira cidade do país. Mas entretanto…
Aqui vai mais uma da minha antiga professora dona Helena Caroço (a frase tem direitos de autor): massa encefálica de banana amassada com maracujá e papaia! Ninguém pensa! 9000 turistas desembarcaram hoje no Funchal. Tirámos a barriga da miséria, por assim dizer, no que ao turismo de cruzeiros diz respeito. Mas entretanto os turistas visitavam e fotografavam o centro da urbe, o Funchal (na placa central) era palco de um aparato que fazia recordar o circo a chegar ao Campo do Almirante Reis.
Os transeuntes interrogavam-se; para que é isto, o que se vai passar ? Quatro camiões cheios de peças de madeira galgando e destruindo a calçada portuguesa, que não  está preparada para estas cargas.
Um camião em frente à estátua de João Gonçalves Zarco, dois na Avenida Zarco ao lado do Golden Gate e outro em frente à Caixa Geral de Depósitos. Cerca das 10 horas, a movimentação de turistas na placa (ver fotos) transformou a zona numa cidade cosmopolita. Eram imensos, munidos de maquinas fotográficas  e de filmar e de telemóveis, captando a estátua do descobridor e outros pormenores.
Entretanto, o mistério deste descarregamento em que não havia jaula de leão ou tigre, foi desvendado: tratava-se dos novos módulos (barracas) para serem montados naquela artéria para a Feira do Livro.
A placa central é um autêntico local de monta e desmonta,  carrega e descarrega. Voltamos à carga: será que ninguém ponderou na avalanche da chegada de turistas que se ia verificar com a chegada deste grande navio? Será que esta operação não poderia ter sido feita durante a noite  ou na final da tarde de hoje?
Que imagem do centro do Funchal levam estes nossos visitantes, centro esse que estava cercado de camiões?
Há que fazer um exame de consciência nestes pormenores, se queremos fazer do Funchal a primeira cidade do País.
A galinha dos ovos de ouro do turismo está em produção recorde. Enquanto as bombas rebentam nas grandes cidades europeias e no mundo, a Madeira terá de ter a “capoeira” sempre limpa. Não podemos continuar a dar tiros nos pés… No aproveitar é que está o ganho. Há que acabar com as disputas internas, pois não interessa quem dá mais foguetes, temos de remar todos para o mesmo lado. E usar bem a cabecinha…