Rui Gonçalves e Governo Regional acusados de “insensibilidade” para com os cidadãos vergados sob dificuldades económicas

Fotos: Rui Marote

O secretário regional das Finanças tem estado sob fogo da oposição esta manhã na Assembleia, considerado um “refém”, com os seus correligionários do PSD das políticas erradas do passado, que endividaram os madeirenses durante décadas, forçando-os a uma “penitência” derramada por todos, quando os culpados eram só alguns,  nas palavras do deputado centrista Ricardo Vieira.

Também Rui Barreto frisou as múltiplas responsabilidades de Rui Gonçalves no passado, acusando-o, tal como Avelino Conceição, do PS, de falta de memória. Uma acusação,  aliás,  repetida por muitos,  incluindo o PCP e o Bloco de Esquerda,  que sublinharam ainda a forma como durante muitos anos os pareceres do Tribunal de Contas eram mal acolhidos pelos social-democratas, que agora se ufanam de ter com eles um entendimento privilegiado.

José Manuel Coelho chegou mesmo a dizer que Rui Gonçalves “deveria estar preso” pela alegada cumplicidade na dívida oculta que fez abater sobre os madeirenses tantos sacrifícios.

Roberto Almada, do BE, disse que o Secretário “não pode negar as responsabilidades” nas “manigâncias” das contas escondidas. “À custa de quê este parecer é globalmente positivo? Estivemos durante anos sob empobrecimento,  austeridade,  serviço da dívida”, criticou Edgar Silva, da CDU, lembrando os tempos duros do PAEF. Para o PCP,  os madeirenses encontram-se hoje numa situação de “agiotagem”, dobrados sob o pagamento de percentagens elevadas de juros da dívida ao Estado e aos credores.

O socialista Vítor Freitas considerou que a Madeira “está parada” do ponto de vista económico, tudo isto por causa do encobrimento da dívida no passado.

Outros parlamentares,  como Carlos Costa, do JPP, e Élvio Sousa, do mesmo partido, apontaram o facto de que estes números supostamente positivos,  e pelos quais o secretário das Finanças jura a pés juntos, são o resultado de muitos sacrifícios e dos impostos que têm recaído sobre as famílias madeirenses. Também Mário Pereira,  como Roberto Almada e outros, levantaram a questão das graves carências que os cidadãos sofrem no sistema de saúde e em aspectos graves como os cuidados de saúde primários ou as listas de espera para cirurgias. A taxa de desemprego na Madeira, entretanto,  é galopante, a mais alta do país. Vários parlamentares apontaram “insensibilidade” ao governante com a pasta das Finanças,  face aos graves problemas da população madeirense. Mas Rui Gonçalves defendeu-se apontando os investimentos na área social, com a baixa do desemprego,  se bem que insuficiente,  e com a apreciação globalmente positiva do Tribunal de Contas.

Há quem não se contente com esta argumentação, que tem andado circularmente  no hemiciclo hoje. Avelino Conceição, do PS, considerou que  Rui Gonçalves devia mesmo bater no peito e dizer “mea culpa”.

Cada madeirense pagou em 2015  mais de mil euros de impostos e por isso é que os  números de hoje estão melhores, apontaram-lhe. E questionaram se é verdade ou não wue a carga fiscal hoje para os madeirenses não é de facto uma canga sobre os ombros dos cidadãos. “Trata-se de um governo insensível”, disse Jaime Leandro, PS.

Em causa foram também postos os negócios do governo em contratos swap com as empresas rodoviárias,  responsáveis pela gestão das estradas, com a Madeira Parques Empresariais e outras empresas, com múltiplas perdas não contabilizadas.