“SESARAM deve fixar os melhores dos melhores no novo Hospital”

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O presidente do Conselho Médico da Ordem na Madeira diz que os madeirenses merecem um novo Hospital mas tem dúvidas quanto aos prazos apontados para a conclusão.

A construção do novo Hospital da Madeira assume-se, para a Ordem dos Médicos, como um fator positivo no âmbito da Saúde na Região. O assunto não é pacífico e tem sido abordado sob diferentes patamares de discussão e prismas relativamente às necessidades, aos apoios e à correspondência com aquilo que constitui o futuro do setor face às realidades e aos estudos entretanto conhecidos, sobretudo aqueles que se prendem com o envelhecimento da população, que coloca obviamente novos desafios ou, pelo menos, desafios diferentes.

Novo hospital é “peça essencial”

Pedro Freitas, o presidente do Conselho Médico da Ordem na Madeira, considera o novo hospital como “uma peça essencial” e sublinha ainda que “as pessoas merecem um bom local de trabalho, com estruturas novas onde possam, com melhor qualidade, exercer a sua profissão. Claro que o Hospital Dr. Nélio Mendonça poderia ser renovado, mas para isso, teria que ser uma intervenção profunda que exigia o seu encerramento. Como isso não é possível, acho que o novo hospital é um desígnio da Madeira e a população merece essas condições”.

É preciso ter profissionais diferenciados

Colocada a questão deste ponto de vista mais sentimental, de conquista para a Madeira, existe, no entanto, um lado mais prático que é importante relevar, segundo Pedro Freitas, referindo especificamente que “o novo hospital de nada serve ter paredes se não tiver médicos lá dentro. É preciso ter profissionais mais diferenciados, com maiores capacidades técnicas. E neste particular, é importante que o Serviço de Saúde da Madeira queira fixar os melhores dos melhores e não precisamente o contrário”.

Qualquer prazo é uma miragem

Um outro entrave que o responsável pela Ordem dos Médicos na Madeira aponta, prende-se com a parte burocrática que envolve todo o processo de construção do novo hospital, nomeadamente o facto do Governo ainda só ter, em sua posse, 10 por cento dos terrenos, situação que impede os passos normais e o respetivo cumprimento de prazos. Face à atual situação, qualquer prazo que se aponte, é ainda uma miragem, sendo extemporâneo falar em 2024”.

Mais ou menos camas?

A nova estrutura hospitalar, por via de políticas que têm a ver com o pleno funcionamento do regime de ambulatório para pequenas cirurgias, contempla menos camas do que aquelas que o sistema dispõe neste momento, precisamente porque os estudos vão no sentido de que, futuramente, o ambulatório vai permitir menos internamentos, reduzindo os que neste momento se verificam. Mas há o outro lado, aquele onde se encontram os que dizem que o envelhecimento da população vai exigir mais camas, por complicações que possam surgir e que nada têm a ver com cirurgias. Logo, o ambulatório não resolverá tudo, no entendimento dos que colocam esta realidade para debate.

Desenho inicial esqueceu algumas especialidades

A este propósito, Pedro Freitas recorda uma situação, um tanto estranha, que ocorreu, segundo refere, por ocasião do desenho do novo hospital, em que se esqueceram de algumas especialidades. “Dizer que vamos diminuir o número de camas, relacionando essa situação, como me disseram, com uma solução para as altas problemáticas, é bem possível, até porque essas altas problemáticas ocupam presentemente um terço da capacidade do Hospital. Mas a realidade não é essa, podem fazer os decretos que quiserem mas não podemos colocar ninguém na rua. Dizer que a família será co-responsabilizada é fácil, mas não estou a ver essa solução para os problemas que irão surgir”.

Já falaram com os médicos sobre o ambulatório ao domicílio?

Os cuidados ambulatórios ao domicílio é uma solução apontada como determinante neste processo, mas Pedro Freitas questiona se a implementação do sistema já foi alvo de debate junto dos médicos que irão fazer essas visitas e responsabilizar-se por esses doentes. Não estamos a falar da parte cirurgica, mas da parte do acompanhamento médico. Quem irá responsabilizar-se por pessoas que não estão monitorizadas? Como sempre, vão tentar passar a responsabilidade para os médicos”.

Colocar em prática o regime de ambulatório para cirurgias como forma de reduzir a ocupação de camas hospitalares, deve ser seguido, paralelamente, por uma bem estruturada rede de apoio, como faz questão de salientar o presidente do Conselho Médico da Ordem na Madeira. “Essa rede é possível. Mas já falaram com as pessoas para montar essa rede?”.

USF foram pretensão dos anteriores secretários

É precisamente o envelhecimento da população que coloca novos desafios ao futuro da Saúde. A rede de apoio é determinante, mas Pedro Freitas fala especificamente nas Unidades de Saúde Familiares (USF), uma pretensão dos secretários regionais anteriores e cuja legislação, em matéria de orientações, nem foi transposta para a Região. É verdade que, de um dia para outro, fazem-se leis, mas as coisas devem ser devidamente pensadas e enquadradas”.

Melhoria no fornecimento de medicamentos

No que se prende com os medicamentos, Pedro Freitas diz que, após aquele período de faltas, a situação melhorou consideravelmente. “Continuam a existir algumas falhas, nos centros de Saúde, mas a verdade é que houve uma melhoria ao nível do fornecimento de medicamentos e isso tem sido reconhecido”.