Comissão tem registo de utente do Serviço Regional de Saúde em lista de espera desde 1999

Filipe Olim Comissão de utentes
Filipe Olim, porta voz da Comissão de Utentes do Serviço Regional de Saúde,  diz que houve falta de medicamentos em casos de risco.

Um utente do Serviço Regional de Saúde está, desde 1999, em lista de espera para uma cirurgia. E em 2016, recebeu uma chamada telefónica a questionar sobre se estaria ainda interessada na intervenção. Um caso que a Comissão de Utentes tem, nos seus registos de queixas, e que ajuda a explicar um pouco algumas situações que, ainda hoje, subsistem num contexto de problemas que o setor atravessa e que têm resultado em debates e medidas já anunciadas, além de, em termos de liderança, já ir no terceiro secretário.

A comissão existe desde 2012 e teve a sua intervenção marcante nas taxas moderadores, no transporte de doentes e vem desempenhando um papel interventivo, “sempre que é possível, numa perspetiva de alertar as pessoas para algumas realidades que acontecem na Saúde da Madeira e que precisam de intervenção por parte das entidades responsáveis”, como refere Filipe Olim, porta voz, que dá a cara por uma organização “pequena mas responsável”, que tem o objetivo de “colaborar nas soluções” e não exclusivamente lançar alertas para problemas.

O movimento tomou posição recente sobre a falta de medicamentos nos hospitais, situação que causou algum desconforto oficial, mas que Filipe Olim considera “preocupante, em função de situações que nos chegaram e que foram muitas, dando conta da não existência de medicamentos que efetivamente faziam falta, inclusive alguns deles para serem ministrados em pessoas que tinham feito transplantes. Recebemos muitas queixas e demos conta disso precisamente para que possam fazer uma ideia da dimensão do problema”.

Depois da notícia vieram medicamentos

Filipe Olim relata um caso concreto de um rapaz, que necessitava urgentemente de um medicamento, “porque estava em situação de risco, e que depois de divulgada a notícia, foi chamado pelos serviços para lhe dizerem que o medicamento iria ser assegurado para mais uma semana. Este foi um relato que nos chegou e nestes momentos chegamos à conclusão que esta comissão tem uma expressão maior do que aquela que muitos pensam e é nesse sentido que procuramos responder às solicitações. As pessoas precisam de um movimento que as defenda, que as encaminhe e que dê expressão à sua voz quando há situações de anomalias”.

Temos muitos relatos”

O porta voz da comissão reforça que “por aquilo que os utentes nos transmitiram, digo-lhe que uma coisa é faltar pontualmente um medicamento, outra coisa é faltar medicação essencial enquanto suporte de vida, o que tem acontecido muitas vezes. Temos muitos relatos nesse sentido”.

Mas as queixas que chegam à comissão não se prende, em exclusivo, com a recente falta de medicamentos, mas alarga-se a outros aspetos e são provenientes “não só dos utentes, mas muitas também de profissionais de saúde. Inclusive sabemos que, às vezes, são os próprios profissionais que exercem pressão no sentido de verem resolvidas algumas situações. Aconteceu também na falta de medicamentos, em que um médico fez pressão para que fosse assegurado um medicamento em falta, porque o doente precisava”.

Reuniões com agentes do setor

A Comissão de Utentes promete não ficar parada a ver os acontecimentos. O próximo passo daquilo a que Filipe Olim prefere chamar de “relançamento” passa por solicitar “reuniões com todos os representantes dos agentes da Saúde na Região, tendo precisamente em vista fazer levantamentos, levar as nossas preocupações e articular posições, com o objetivo de melhorar o serviço aos utentes. Queremos elaborar um quadro de problemas com maior expressão e leva-los a debate”.

Quem pretender chegar ao contacto com a comissão, poderá fazê-lo através da página do Facebook, pelo blog utentessaudemadeira.blogspot.pt, pelo mail cusrsaude@gmail.com ou pelo telefone 934262953.