Casa Banganho cai na falência e vende mercadoria a preço de saldos em leilão público

O movimento de clientes é significativo na Casa Banganho. Tudo na mira do bom preço para o bom produto. Fotos FN

O tradicional estabelecimento comercial madeirense “Banganho” foi à falência. Sucumbiu à crise, à concorrência e aos consequentes problemas de gestão. Neste momento, as portas estão abertas para a venda do material em armazém com descontos acima de 50 por cento. Um desfecho trágico, com um leilão público para pagar dívidas, para uma loja nobre e com história no coração da cidade.
Esta operação de liquidação total até ao fim deste mês está a contar com uma grande afluência do público, dados os valores baixos e a habitual qualidade dos produtos, a principal imagem de marca ao longo de anos da “Banganho & Borges Pinto, Lda”, no número 74 da Rua do Sabão.


Nove trabalhadores que serviram este estabelecimento comercial enfrentam hoje o drama do desemprego. Três deles estão agora a colaborar na venda da massa insolvente, sem remuneração. Os créditos obtidos deste leilão público servirão também para pagar as remunerações em atraso do pessoal.


Como esta loja há muitas no Funchal. Mas não será exagero dizer que esta, em particular, por ser uma referência incontornável no comércio regional, toca os madeirenses, até porque grande parte das listas de casamento passavam pela casa “Banganho”, entre outras vendas significativas.
Naturalmente que, agora, em vez, de encontrar na loja o Senhor Banganho que gentilmente acolhia e convencia os fregueses, deparámos-nos com uma multidão de clientes a aproveitar o leilão público com preços bem tentadores junto de um administrador de insolvência e demais pessoal.


A administradora de insolvência explica que, à medida que vai escoando  a mercadoria, procede à reposição da restante que ainda existe nos armazéns. Refere também que o leilão público terminava amanhã mas, dada a adesão do público, prolonga-se are ao final deste mês.
Os clientes vão entrando e saindo com as suas compras e dizem-nos: “É uma oportunidade excelente. Infelizmente isto acabou assim. É pena! Mas é a lei da vida”.


Na pitoresca rua do Sabão, o comércio também ligeiramente moribundo lá vai resistindo. Algumas lojas fechadas. Os escritórios e restauração é que animam a rua. Aquele comércio que atraia multidões à cidade, também das zonas rurais, prefere agora as grandes superfícies, os centros comerciais com lojas para todas as necessidades, enquanto o comércio tradicional agoniza na sua solidão e contas, muitas contas por pagar.


Fica, pois, um misto de comoção e nostalgia face à evolução implacável dos tempos e à inevitabilidade do progresso que promove uns e esmaga outro.