O melhor e o pior de 2016

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A notícia da inauguração de uma Quinta de criação de crocodilos na África do Sul fez-me de imediato lembrar um dos acontecimentos mais marcantes de 2016 – a eleição de Trump e respetiva equipa governativa de magnates. Vá-se lá saber porquê…

Um dos outros imprevistos de 2016 foi o Brexit e o resultado do referendo italiano, com consequente rolar de cabeças. As empresas de sondagens, por este andar, vão ter de repensar noutro ramo de atividade ou tentar deslindar outro polvo Paul.

Graças a Deus, a Áustria não elegeu os satânicos neo-nazis, mas a alternativa  também não parece muito melhor.

No Brasil, cai Dilma, alegadamente por servir-se do poder, mas em tom de “emenda pior que o soneto”, colocou-se no seu lugar um substituto de primeira água, acusado de vários crimes de corrupção.

“Quando não há pão, come-se bolo”, lá diz o ditado.

Em França, a outra neo-nazi, Le Penn, com as garras ainda encolhidas, espreita uma oportunidade que a falta de esperança e as políticas anti-europeias da própria Europa vão escancarando, irracional e desumanamente, ao ressurgimento de nacionalismos, populismos, fascismos e todas as formas de extremismo mais soezes.

Em Espanha, finalmente Rajoy conseguiu formar governo, embora “pelas peles”.

Em Portugal, Passos “Maya” que vira nas cartas a vinda próxima do Diabo, afinal enganou-se na leitura do Tarot, emendando a “predição” para os Reis Magos, diz que lá para janeiro.

A Geringonça, contrariamente às “predições”, pragas e vudus da Caranguejola, carecida de coçar cotovelos a uma parede de crespo ,está aí, vivinha, de boa saúde e recomenda-se, enquanto o Presidente dos afetos vai distribuíndo abraços e beijocas à população, aproveitando para, de forma ora mais subtil, ora menos discreta, “puxar as orelhas” de Passos ou repreender-lhe, com uma ou outra “reguada”, as azias e birras de menino que foi posto de castigo numa sala mal iluminada com muitos outras meninas e meninos amuadinhos do mesmo “colégio amarelo”.

No desporto, os Jogos Olímpicos valeram uma medalha de Bronze, podendo a questão ser vista sob dois prismas: o dos otimistas, que apontam o facto de ser o nosso melhor resultado de  sempre em pontos (41), ou o dos pessimistas, que  alegam que este foi o segundo pior resultado em medalhas, só ultrapassado pela tristezinha participação em Barcelona (0), ou seja, a mesma mais-valia de Durão Barroso para Portugal na Comissão Europeia. Que pena ter sido o primeiro ex-líder da instituição a ver retirados “privilégios de passadeira vermelha” na sequência do cargo que ocupa na Goldman Sachs.

Inesquecível, isso sim, foi a conquista do Europeu, ainda por cima protagonizada por um muito improvável  “patinho feio” que teve a sua noite de “cisne”.

Entretanto, e igualmente bem, a iluminação do Funchal, que passou de Branca de Neve a Capuchinho Vermelho, com a vantagem de ainda se ter poupado algum, foi de juízo.

Cristas, por seu turno, continua firmemente apostada em ganhar a Câmara de Lisboa, talvez por contar com a vantagem de uma família numerosa, dizem.

Muito infelizmente, a Síria vai desaparecendo do mapa com a ajuda de “fogo amigo”. Atentados e terroristas vão sendo cada vez mais comuns. Refugiados e migrantes contam com a generosidade de alguns, mas igualmente com o aproveitamento, a desconfiança, o ódio, muralhas farpadas, fome, sede, marginalização ou, no limite, a morte no gelo das águas.

Valha-nos a escolha (“parto difícil”) de António Guterres para Secretário-Geral da ONU, depois das manhosas tentativas de “batota” e  falsos argumentos e argumentistas como Ban Ki-Moon, talvez mais associável a um nome sonante de jogador de ténis de mesa do que ao cargo que assumiu por dois mandatos: ora invisível, ora transparente.

Votos de um Feliz Natal e melhor Ano Novo.