A discussão do Orçamento da Região para 2017 teve momentos muito sérios – afinal, com as contas do povo ninguém brinca – mas também situações que roçaram a comédia, como não podia deixar de ser. O FN publica alguns momentos do lado mais lúdico deste debate, registados na sessão de encerramento, assistido por uma turma de estudantes de uma das escolas da Região que enchia a galeria, obviamente futuros seguidores da política parlamentar.
Numa manhã de sexta feira, após uma semana de debate e fogo cruzado, e já a cheirar a fim de semana, os deputados esgrimiram os últimos argumentos, cada qual com o seu estilo e mordacidade.
O presidente Tranquada Gomes – de quando em vez a não controlar o sorriso com a sua secretária da mesa, a deputada Sofia Canha – lá tentava incutir bom senso ao calor da discussão e aos piropos.
Enquanto uns usavam da palavra, outros seguiam os frescos do Continente – tudo a ver com contas, obviamente – e outros a ler uma peça jornalística do orçamento com o título “Afinal não custou muito”. Pois sim, passar a pente fino as contas da Madeira, como prometera Élvio Sousa, da JPP, não custa mesmo nada. Ele mesmo, Élvio Sousa, documentado com gráfico de barras e a pedir mais seriedade aos deputados com as questões sociais, enquanto o secretário das Finanças, deixando para trás o seu “low profile”, puxava da cartola a tirada de questionar o deputado da JPP sobre o número de respostas que a Câmara Municipal de Santa Cruz deu aos problemas sociais do concelho…
Carlos Rodrigues, danado para a resposta cáustica, dava a cara pela bancada da maioria social-democrata às tiradas incómodas da oposição, nomeadamente do deputado independente Gil Canha, de Rui Barreto, de Élvio Sousa e de João Quintino. Tudo veio à baila: parcerias público-privadas, subsídios ao futebol, pagamentos de impostos e outras questões de aceso debate. Tudo num ambiente ameno, com os secretários Sérgio Marques e Rui Gonçalves a assistirem com sobriedade e poucos sorrisos.
No meio de acalorada discussão, o secretário regional das Finanças e Administração Pública, com ar circunspecto e mãos em postura de oração, explica as opções do governo e pede aos deputados fé, muita fé,nesta governação, porque estão a ser dados grandes passos no apoio social.
Cerca de uma hora após o arranque dos trabalhos, dois deputados, respetivamente uma do PS e outro do BE, a chegarem ao plenário com ar atarefado e já com a procissão no adro.
Que dizer dos assessores e diretores regionais que acompanhavam o debate? Tudo muito circunspecto, de telemóvel em punho, com um olhar para a arena política do plenário e outro para as notícias do serviço que corriam no móvel.
Outros ainda a olhar de forma cândida e ternurenta para os tesourinhos deprimentes que decoravam o plenário.
Fora do plenário, a segurança policial a guardar a casa da Democracia, já que o seguro morreu de velho. À entrada da Assembleia, o presidente do Partido Trabalhista, com cenário montado: uma grade para simular uma prisão e um cartaz com um pedido: “Libertem a Maria de Lurdes Lopes Rodrigues”. Ao FN, José Manuel Coelho anuncia que visita amanhã, em Tires, esta reclusa, na companhia do deputado Gil Canha, tendo obtido as autorizações para o efeito, fazendo depois a conferência de imprensa.
Nas ruas, a população dá sinais de estar vencida pela azáfama das compras do Natal, alheios às contas do governo e dos deputados. Alguém vai pagar a conta, como costuma pensar o português…
