O Hospital Dr. Nélio Mendonça continua às voltas com situações que afetam o trabalho dos profissionais e poderão mesmo colocar em causa a segurança dos utentes, quer os internados quer os que ali se deslocam, que sistematicamente são confrontados com várias anomalias que acabam por ensombrar o bom trabalho que ali também é desenvolvido pelos médicos, enfermeiros e restante pessoal.

Diz quem sabe do assunto que a situação é preocupante face a diversas insuficiências. De tal modo que as obras, apesar de algumas já estarem no terreno, necessitam de ser priorizadas em função das reais necessidades, facto que, como nos contam, não acontece, situação a que não está alheio este compasso de espera entre construção de um novo hospital (onde se desenvolve uma questão política entre Governos central e regional pelo respetivo financiamento) e obras para resolver insuficiências do atual espaço.

Pingas no Bloco

O episódio mais recente, ou pelo menos mais recentemente denunciado, prende-se com a infiltração de águas dentro do hospital. Dizem que “acontece sempre chove, são baldes para as pingas que vão caindo mesmo ao lado dos doentes”. Uma fonte bem colocada diz ainda que “pinga também na sala 1 do Bloco Operatório central, além do ar condicionado que não funciona no verão”, defendendo que esta deveria ser considerada uma prioridade, face à gravidade em causa. E justifica para explicar a inexistência de prioridades concretas: “Mais importante que as obras para o Bloco de partos por falta de condições de assepsia (só agora a comissão de infeção viu o que todos vimos – zona de sujos sem condições), é o bloco central”. Para não falar na porta que “é uma vergonha, não tem segurança e qualquer pessoa sai e entra quando quer, além do barulho que faz).

É precisamente a este propósito que o CDS/PP vai dar entrada, hoje mesmo, no Parlamento Regional, na 5ª Comissão de Saúde e Assuntos Sociais, de um pedido de audição parlamentar do diretor clínico do Hospital Dr. Nélio Mendonça, Dr. Pedro Ramos, tendo como objetivo a clarificação desta e de outras situações que neste momento, referem os centristas, estão a provocar apreensão na comunidade.

Situação imprópria

O documento a entregar na Assembleia, ao abrigo das disposições regimentais, refere que “a suspeita de infiltração de águas da chuva ou origem não apurada para o interior do Bloco Operatório do Hospital, é uma violação grave das mais elementares normas de higiene e segurança hospitalar”, fazendo referência ao episódio atrás referido, e documentado com imagens, de baldes a aparar as pingas, situação “imprópria para uma unidade hospitalar de uma Região de um país da União Europeia”.

Segundo aponta fonte do grupo parlamentar do CDS/PP, “a violação das normas de higiene e segurança hospitalar é punível por lei e coloca em situação de risco não só a vida dos doentes mas também dos médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar”.

O documento alerta, ainda, que a saúde das pessoas e em particular a recuperação dos doentes “não pode ser colocada em causa por manifesta incapacidade para tomar decisões e sobretudo assumir prioridades que não podem ser adiadas por mais tempo”.

Face ao sucedido, o CDS/PP quer que Pedro Ramos vá ao Parlamento explicar que medidas providenciou para “em resultado da infiltração” de águas no Bloco Operatório, evitar que os doentes ali internados corressem risco de vida”.