Entrevista a Miguel Albuquerque, antecedendo as directas no PSD: “O partido está pacificado, o que não é sinónimo de unanimismo”

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Fotos (de Rui Marote e Luís Rocha) colhidas na Assembleia Legislativa Regional: Miguel Albuquerque tem tido uma presença na “casa da democracia” que contrasta vivamente com as ausências de Jardim, durante os seus governos.

O presidente do partido do Governo, Miguel Albuquerque, respondeu a várias perguntas colocadas pelo FN no âmbito de uma entrevista que antecipa as directas no PSD. Nas suas respostas, o líder social-democrata madeirense deixa claro que quer uma força política digna desse nome, capaz de disputar as próximas autárquicas e reconquistar a liderança da Associação de Municípios. Mas discorda de quem aponta a ausência de críticas ao actual dirigente.

Funchal Notícias – Aproximam-se as directas no PSD, e Miguel Albuquerque surge como líder incontestado, concorrendo sozinho. O partido está pacificado?

Miguel Albuquerque – Depois de um processo eleitoral interno, que muitos antevinham como potencialmente destruidor do partido, foi eleita esta nova liderança e apresentamo-nos às eleições regionais, as quais vencemos com maioria absoluta. Considero que o partido está pacificado, o que não é sinónimo de unanimismo.

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FN – O Dr. Miguel Albuquerque enfrentou severa oposição aquando da sua candidatura anterior a líder do partido. Alberto João Jardim e os seus apoiantes atacaram-no ferozmente, então. Hoje, ambos surgem em ‘encontros de gerações” partidários. O passado está enterrado? 

M. A. – Sempre olhei mais para o futuro do que para o passado. Seria estranho sim, se hoje não fossemos capazes de manter uma convivência civilizada e normal. O Partido Social Democrata perdura para além das pessoas e isso está bem presente na nossa maneira de fazer política.

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FN – Aquando da sua candidatura anterior, o Dr. Miguel Albuquerque e os seus apoiantes não se coibiram de apresentar opiniões dissonantes em relação a outras tendências no interior do partido, entendendo, aliás, que tal era sinal de um partido plural, com variedade de opiniões e direito à livre expressão. Agora, que o Dr. Miguel Albuquerque lidera o partido, não se fazem ouvir opiniões dissonantes. Tal não preocupa um pouco o actual líder? Não preferiria que houvesse mais opiniões a manifestar-se? A bem do referido pluralismo?

M.A. Não concordo com essa opinião. Basta ir aos Conselhos Regionais do Partido para perceber como isso é errado.

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FN – A situação do PSD é hoje bastante diferente da do passado, já que enfrenta uma situação política em que se degladia diariamente com a oposição – fruto do diálogo político que, e bem, implantou, nas relações do Governo com a Assembleia Legislativa da Madeira e restantes partidos – e em que várias câmaras municipais estão nas mãos da oposição. O partido do Governo tem estabelecido frequentes reuniões entre responsáveis políticos e governamentais regionais e os militantes. Está reavivada a chama da militância social-democrata, a qual no passado estava muito centrado no culto de uma única pessoa, Alberto João Jardim? Está o Dr. Miguel Albuquerque satisfeito com o feedback que lhe chega dos militantes de base, quanto às suas dúvidas e anseios?

M. A. – O partido sempre manteve uma importante ligação entre os seus militantes e a sua ação governativa. Só isso faz sentido e permite perceber, com esta proximidade, a sensibilidade dos nossos militantes e simpatizantes, ao desempenho do executivo. Acabei na semana passada de efetuar uma dessas rondas de contactos com os militantes e uma vez mais considerei isso muito proveitoso, pois permitiu exatamente esse feedback.

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FN – As próximas autárquicas perfilam-se como uma prova de fogo para o PSD, na qual este partido está disposto a apostar bastante. Aliás, tem obrigatoriamente de o fazer. Existe uma estratégia suficientemente calculada? Há quem diga, dentro do partido, que não, que existem fragilidades. Nessa medida, há quem critique a anunciada decisão do Dr. Miguel Albuquerque apoiar a candidatura de José António Garcês, como independente, a presidente da Câmara de São Vicente. Garcês poderá concorrer como independente nas listas do PSD?

M.A. – O próximo objetivo do PSD é vencer as eleições autárquicas, i.e., o PSD tem de voltar a liderar a AMRAM. Para isso necessitamos da maioria das câmaras municipais. O partido e os militantes estão empenhados nesta missão.

Obviamente estamos numa situação difícil, em que apenas temos quatro municípios dos onze da Madeira. Mas pelo contacto que tenho tido com os militantes do partido, estou confiante.

No caso concreto de São Vicente, o atual Presidente, José António Garcês, sempre foi um social democrata e está a fazer um excelente trabalho. Por isso é uma decisão natural apoiar a sua candidatura.