Ricardo Vieira denuncia ‘Tratado de Tordesilhas’ entre CMF e Governo: ambos privilegiam suplementos no DN-Madeira em busca de visibilidade

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O deputado centrista Ricardo Vieira denunciou ontem, no parlamento regional, o que classificou ironicamente como um ‘Tratado de Tordesilhas’ no Diário de Notícias da Madeira, no qual aquele matutino “gere o seu espaço noticioso consoante a fabricação venha da Quinta Vigia ou do Palácio do Conde Carvalhal”.

Recorde-se que o Tratado de Tordesilhas foi um acordo entre os reinos de Portugal e Castela, lavrado em 1494, que partilhava tudo o que houvesse a ganhar nas Descobertas por ambos os reinos, dividindo o mundo a meio: metade para um, metade para o outro. 

O parlamentar do CDS-PP considerava assim que tanto o poder executivo da Região como o poder local da maior autarquia da Madeira partilham um mesmo espaço de alegada promiscuidade: o matutino madeirense que recentemente comemorou 140 anos. Na Assembleia Legislativa Regional, Ricardo Vieira denunciou as “páginas concebidas nos gabinetes dos senhores secretários onde se repetem sublinhados feitos desta governação enxertados no meio da edição diária”, lembrou a promessa de Albuquerque de “nem mais um tostão para o Jornal da Madeira” e insinuou que essas verbas que antes se gastavam com o Jornal, agora são despendidas numa quantidade inusitada de publicidade institucional paga a bom preço no DN-Madeira, configurando favorecimento a uma empresa, algo que também acontece com a CMF, que ali igualmente busca protagonismo.

Por isso, Vieira exigiu que fossem tornados públicos os montantes envolvidos nestes cadernos e suplementos e “favores editoriais” como lhes chamou. Desafiou ainda o Governo Regional e a autarquia a acabarem com este “espectáculo de disputa de mediatismos”. Um posicionamento que mereceu o apoio de Edgar Silva (PCP) e de Gil Canha (independente).

Entretanto, o Governo Regional emitiu um comunicado a assegurar, pela parte do gabinete do secretário com a tutela da comunicação social, Sérgio Marques, que a legislação regulamentando o sector, que em breve estará plenamente em vigor, “é equitativa”. Sublinhou que o Governo Regional sanou todos os conflitos que existiam com a Entidade Reguladora para a Comunicação Social e garantiu que as verbas atribuídas a todos os órgãos serão menos de uma terceira parte do que era atribuído exclusivamente ao Jornal da Madeira, nos anteriores governos jardinistas.

Por seu turno, o gerente executivo do DN, José Câmara, fez publicar uma nota no matutino afirmando que Ricardo Vieira “tenta, em vão, denegrir a imagem do Diário”, considerando que o jornal tem sido visado pelo deputado nos últimos tempos, mas que as denúncias “não vão demover o Diário de prosseguir com a sua política comercial”.

“(…) continuaremos a angariar e a inserir nas nossas edições publicidade seja ela institucional, das autarquias ou privada (como qualquer jornal), garantindo como sempre que estes relacionamentos comerciais não se imiscuem, nem limitam a independência editorial do Diário (…)”, afirmou.