Dia de caos no Instituto de Emprego

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O dia de hoje não foi fácil no Instituto de Emprego da Madeira, à Rua da Boa Viagem. As pessoas esperavam e desesperavam para ser atendidas, e a insatisfação era grande. Contactado o Funchal Notícias, a nossa reportagem deslocou-se ao local, para constatar a situação. Na realidade, já víramos dias piores, mas os utentes que se encontravam no local traçaram-nos um quadro negro da situação. Um senhor que saía já depois das três horas da tarde contou-nos que tinha ido ali inscrever-se, e que já aguardava desde as 9h30 da manhã. Estava esfomeado e aflito para ir almoçar. Outras pessoas corroboraram esta tremenda demora. Estavam ali há muito, muito tempo, e afiançaram-nos que o tempo médio de espera neste dia estava a ser de quatro horas – na melhor das hipóteses. Um autêntico massacre, já para aqueles que aguardavam sentados, pior ainda para os que tinham de estar de pé.

Os funcionários esforçavam-se por dar vazão aos atendimentos, mas tinham de lidar com os protestos e as reclamações dos cidadãos que aguardavam há horas que a sua situação fosse resolvida. A par da indignação, via-se a resignação enfadada e exausta de quem ali já perdera um dia e tinha inclusive de se resignar, porque a hora de almoço já passara há muito.

Alguns utentes disseram-nos que o sistema de atendimento não estava a ser dos mais transparentes, uma vez que era necessário tirar uma senha à entrada, mas depois o atendimento processava-se pelo nome, o que deixava no ar a suspeição de que alguns que tinham chegado depois estavam a ser atendidos antes dos que já lá se encontravam… Enfim, com um tempo de espera tão prolongado, todo o tipo de insatisfações e suspeições começa a vir ao de cima… e justificadamente, porque as pessoas têm todo o direito de reclamar de uma demora tão inusitada.

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Procurámos contactar o Instituto de Emprego na pessoa da sua presidente, Rita Andrade, mas, dado que a mesma se encontrava numa reunião, fomos amavelmente remetidos para a vogal do Conselho Directivo, Rosário Alegra Baptista.

Confrontada com a nossa descrição dos factos, esta responsável assumiu que “tem havido uma afluência muito maior, hoje”. Deu-nos conta de “muitas inscrições para efeitos de fins de contrato, requerimentos de subsídios, que é sempre um processo que demora mais qualquer coisa… portanto, tem sido de facto um dia com uma grande afluência. Se bem que se me reportar ao mês homólogo [do ano transacto] é normal acontecer, é o fim de uma época de sazonalidade… conjugam-se vários factores e há de facto hoje muita gente aqui”, reconheceu.

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Admitindo que “há dias complicados aqui, mas tanto tempo de espera não é normal, de facto”, garantiu no entanto que o sistema de atendimento se está a processar exactamente da mesma forma que sempre se processou. “Está tudo absolutamente igual”, garantiu.

Questionada sobre que tipo de trabalho sazonal, agora terminado, poderia provocar a enchente de hoje, não nos soube responder, mas prometeu tentar informar-se melhor para dar mais algumas respostas mais precisas ao FN. “No início do mês é sempre mais complicado, e há picos, por vezes… mas de facto, tempos de espera de quatro horas não é normal”, referiu.

Actualmente já terminou o sistema de apresentação quinzenal, que obrigava a que os utentes do subsídio de desemprego tivessem de apresentar-se no Instituto de Emprego, na Loja do Cidadão ou na Junta de Freguesia da sua área de residência. Portanto, não é este fenómeno que contribuiu para o caos do dia de hoje. “Isso terminou, e as pessoas têm vindo a ser avisadas de que terminou… mas não sei se muitas, pelo sim pelo não, não vêm cá… muitas continuam a aparecer e a perguntar como é que é… não sei se isso terá contribuído… mas isso não é uma coisa que demore. Não essas as pessoas que ‘entopem’ os serviços, ou que causam maiores tempos de espera”, disse-nos Rosário Alegra Baptista.

De facto, tanto quanto o FN se pôde aperceber, a maior parte das pessoas que enchiam o Centro de Emprego estavam a inscrever-se pela primeira vez, “e a requerer subsídios”, como nos disse a nossa interlocutora. Segundo a mesma,  o mês de Outubro costuma de facto ser “estatisticamente assim”. Ou seja, há pessoas que conseguem emprego durante o Verão, e uma vez esta estação finda, perdem o emprego e têm de requerer subsídio. Há momentos em que se têm identificado estas enchentes com o fecho de empresas, mas não parece ser este o caso neste momento. Mas, para analisar concretamente a origem das inscrições que hoje se verificaram, necessitava de mais tempo. Referiu, pois, que tentaria fornecer-nos dados mais apurados. De qualquer modo, a situação não parece tranquilizadora, do ponto de vista do número de pessoas que se encontram desempregadas na Madeira.