Nicolau Viana demite-se da militância do PSD e lamenta que o partido esteja “parado”

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Nicolau Viana é artista e sempre reivindicou um espaço para as artes na cidade. Fotos Facebook NV.

Nicolau Viana foi militante do PSD há mais de 30 anos e um dos apoiantes da ala Albuquerquista. Mas formalizou, há duas semanas, a sua desvinculação de militante do partido no poder.

Com 63 anos de idade e um defensor acérrimo da cultura, com trabalhos feitos e expostos nos domínios da escultura e da pintura, este ex-militante do PSD de Santa Luzia chegou a esta conclusão: “Perdi demasiado tempo neste partido. Gostaria de ter feito mais pela minha terra mas nunca me deixaram fazê-lo. Só me convidavam para congressos, era muito aplaudido porque dizia as verdades, riam-se muito, mas depois investiam naqueles que têm interesses económicos, com projetos de enriquecer com a política e não de servir o povo e a cultura”.
Nos finais da década de 70, este retornado de África lembra-se de dar os primeiros passos nas campanhas do PSD, na Ponta do Sol, ao lado de Coito Pita e outros militantes. Era o arranque em força do consulado jardinista. Os tempos correram e Nicolau Viana foi vendo o PSD passar, alguns a projetarem-se com a política, a subirem e a caírem, e os seus anseios sempre ignorados por quem tinha o poder que ajudou a promover.
“Vejo o partido muito parado”
Assume-se como um acérrimo defensor de uma política construtiva e pelo debate plural de ideais, contra uma política de agressão. Com a mudança de liderança no partido, constata uma realidade que não o inquieta: “Vejo o partido muito parado. Há militantes de reconhecido mérito que poderiam produzir mais e não podem”.
Agora que saiu, Nicolau Viana não quer assumir uma atitude de criticar por criticar, por despeito ou ressabiamento. O seu objetivo é “construir”. É, no entanto, evidente a mágoa que expressa por não lhe terem dado a oportunidade de fazer algo pela sua terra.
Coloca a hipótese de vir a participar num partido como independente, mas não necessariamente. A política tem-no desiludido: “Desde o tempo do Dr. Alberto João Jardim que ando a reivindicar a criação na nossa cidade de um espaço próprio e condigno para os artistas trabalharem, exporem e se aproximarem do povo. Nunca mo deram. A resposta era sempre a mesma: não tinham casas para isso. Está tudo dito!”
Albuquerque a deixar-se manipular
Sobre a governação de Miguel Albuquerque, a quem apoiou desde a primeira hora, é comedido nos comentários. Ainda assim, faz um aviso sério. É que “o presidente está a deixar-se manipular demasiado pelas pessoas erradas. Mas não só. Ele pede uma coisa à sua equipa e há quem teime em fazer outra coisa. As diretrizes não são cumpridas como o presidente determina e depois é o que se vê”.
Nicolau Viana foi bancário e funcionário público, mas é nas artes que gosta de se afirmar. Chegou a residir fora da Madeira e a trabalhar com alguns artistas internacionais.