Incêndios: Humorista Rui Sinel lamenta não haver sala disponível na Madeira para espetáculo de solidariedade

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Fotos facebook Rui Sinel.

Rui Sinel de Cordes é humorista, conhecido pelo seu humor irónico e corrosivo, é licenciado em Ciências da Comunicação.

Foi igualmente fundador do site escritacriativa.com e de um grupo de humoristas, os Alcómicos Anónimos.

Ainda decorriam os incêndios na Madeira, no passado mês de Agosto, predispôs-se a realizar cá um espetáculo solidário.

Agora lamenta as portas que se fecharam.

Eis o ‘post’ que colocou hoje nas redes sociais:

“Olá amigos.
Como sabem, no dia 12 de Agosto publiquei um vídeo a manifestar a minha vontade, e do Hugo Sousa, em fazer um espectáculo de solidariedade para com as vítimas dos incêndios da Madeira. No dia seguinte, a minha produção e do Hugo iniciaram contactos com responsáveis por várias salas na Madeira – Casino, Teatro Baltazar Dias, Câmara do Funchal, Grupo Pestana, Criamar, etc.
Dias a enviar mails, telefonemas, sms´s, pombos correio – sem efeito.
As respostas chegaram com dificuldade, tarde, sem entusiasmo ou eficiência.
“Poucas datas disponíveis para os próximos meses” – desconhecia que a Madeira se tinha transformado em Las Vegas.
“Fale com y, x, z” – falávamos e voltava tudo ao início do Carrossel.
“As pessoas da Madeira não têm dinheiro para espectáculos” – estranho, então têm a sala ocupada todos os dias para quem? Shows-fantasma?
“Não temos dinheiro para pagar hotéis nem alimentação nem cachet dos técnicos” – informámos que não precisávamos de absolutamente nada, apenas de uma sala que nos desse 100% da bilheteira, para darmos o dinheiro às pessoas.
“Damos uma resposta amanhã” – Nem amanhã, nem depois, nem na semana seguinte.

Disseram-me que se publicasse isto, provavelmente nunca mais actuava na Madeira.
O problema é que se não publicasse, nunca mais dormia em condições.

Neste momento, passou um mês e meio. Um mês e meio de entusiasmo que provavelmente de nada vai valer. Um mês e meio de mensagens de madeirenses a oferecer ajuda no que precisássemos, orgulhosos por poder ajudar quem mais necessita. Infelizmente, quem pode ajudar não está para se chatear. A solidariedade real não passa na Televisão e calculo que assim, para eles, não tenha interesse.

Resta-me esperar que quando chegarem os incêndios graves de 2017 – vão chegar, recordo que estamos em Portugal – que atinjam cidades com agentes culturais competentes, para eu e o Hugo podermos ajudar que precise.

Por agora, o orgulho que sentimos em Agosto por poder fazer isto e a alegria dos madeirense que reagiram nas redes sociais foram colocados no mesmo local onde está a esperança de ver Portugal tornar-se num país decente em tempo útil: no lixo”.