Edifício Várzea Park com 25 elevadores penhorados e moradores em desespero

varzeraaaasTal como o Funchal Notícias noticiou há uma semana, o Edifício Várzea Park, em São Martinho, entrou num processo de degradação e de forte contestação à anterior empresa gestora do condomínio que deixou as contas a zero e uma dívida a terceiros que ronda os 400 mil euros. A situação é, neste momento, muito complicada porque os 25 elevadores do prédio estão penhorados por um agente de execução e há famílias que residem no referido prédio a passar por muitas dificuldades.

Ao que o FN consegui apurar, os maiores problemas são com pessoas portadoras de deficiência que não têm como sair de casa, sem ser pelo elevador, e doentes oncológicos, cardíacos e uma senhora grávida que não podem descer escadas e precisam urgentemente dos elevadores a funcionar.

Ontem, por exemplo, foi necessário chamar uma ambulância para retirar uma pessoa que se sentiu mal, “no sétimo andar, e como não havia elevador os bombeiros tiveram de levar o equipamento e trazer o doente do sétimo andar pelas escadas”, revelou ao FN fonte do Consultório do Condomínio, empresa que está a acompanhar a situação jurídica do prédio atualmente e que foi contratada pela atual administração do Condomínio do Edifício Várzea Park, a MADecondominium.

O FN teve conhecimento que há também uma criança portadora de deficiência que, há uma semana, não vai à escola porque sem elevador não se pode deslocar pelas escadas. Esta e outras situações estão a deixar os moradores inconformados e desesperados.

E a situação é mesmo complexa. O FN falou com Cristiano Veloso, diretor-geral do Consultório do Condomínio, empresa que está fazer o acompanhamento jurídico da situação, o qual nos explicou que atualmente o prédio tem os 25 elevadores penhorados por um agente de execução, devido a uma dívida contraída pela anterior administração, Charib-Gestão de Condomínios, à empresa de manutenção de elevadores  “Otis”.

“O processo de penhora dos 25 elevadores aconteceu devido a uma dívida da Charib à “Otis” no valor de 87 mil euros. Esta não é uma dívida da atual administração é um processo que remonta a 2007 e que agora resultou em penhora”, esclareceu, acrescentando que, como não houve pagamento, a “Otis” deu prosseguimento a um processo judicial para receber o dinheiro. Porém, como a Charib deixou o prédio com uma dívida de cerca de 400 mil euros e não há forma  de pagamento, o agente de execução decidiu penhorar os elevadores”.

Foto: site da imobiliária Imovirtual
Foto: site da imobiliária Imovirtual

De acordo com Cristiano Veloso, nestes casos a lei diz que a primeira penhora é a conta bancária do condomínio, como não há dinheiro nessa conta, a segunda parte a penhorar são as partes comuns. E foi o que aconteceu neste edifício com o agente de execução a penhorar os 25 elevadores.   Esta situação só pode ser “desbloqueada” com o pagamento ao agente de execução, contudo as dificuldades são enormes porque, das 357 fracções do edifício, cerca de 35% dos condóminos estão em tribunal por falta de pagamento das quotas e mais complicado ainda é o facto de mesmo em tribunal algumas pessoas terem rendimentos tão baixos que mesmo que quisessem  não conseguem pagar.

Administração de condomínio de mãos atadas 

O FN também chegou à fala com Sérgio Jesus, atual administrador da empresa de condomínios, MADecondominium, que revelou que está a fazer tudo o que é possível para ajudar os condóminos. No entanto, as dívidas deixadas pela anteriores administrações, nomeadamente, da  Sharib, e este processo de penhora dos elevadores é difícil de gerir.  “Estamos há um ano a gerir o condomínio do Edifício Várzea Park e tivemos de lidar com uma dívida a terceiros da anterior administração de cerca de 400 mil euros, se não tivéssemos controlado isto há um ano a dívida atual já rondava os 510 mil euros. Estamos a fazer  o possível para resolver todas as situações e para isso pedimos a colaboração dos condomínios”, apelou, acrescentando que a prova disso é que no último ano já reuniu em assembleia quatro vezes algo que não acontecia antes e mesmo com dívidas os condóminos assinavam as resoluções da anterior administração e isso é que difícil de comprovar em tribunal”.

Sérgio Jesus referiu ainda que a “bomba” da penhora de uma dívida 2007/2010, 85 mil euros, a “Otis”, rebentou nas suas mãos, sem a actual administração ter culpa de nada.

“Estamos a fazer o que está ao nosso alcance, temos 25 elevadores penhorados por uma dívida que não é nossa e mais mais grave é que a  Charib rescindiu o contrato com a empresa de manutenção de elevadores sem dar conhecimento aos condomínios”, declarou.

O FN vai continuar a acompanhar esta situação que parece não ter fim à vista.