Jerónimo de Sousa na Madeira defende medidas excecionais para recuperar as áreas afetadas pelos incêndios

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Por LUSA. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje, no Funchal, que são necessárias “medidas excecionais” para reconstruir as áreas afetadas pelos incêndios do princípio de agosto, e defendeu que o processo deve envolver o Governo da República.

“O orçamento regional tem, naturalmente, de dar resposta, mas temos a consciência que não pode dar a resposta toda”, afirmou, realçando que o Governo da República deve assumir o “princípio da coesão, da unidade nacional e da solidariedade”, de modo a contemplar verbas para a reconstrução no Orçamento do Estado para 2017.

Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas após uma visita às zonas afetadas pelos incêndios no concelho do Funchal, onde ardeu 22% da área do município.

“Verificámos que os estragos são muitos”, disse o dirigente comunista, salientando que a visita à região também teve uma “dimensão solidária”, de apoio a população, particularmente nas zonas altas do município, onde a envergadura da tragédia é mais visível.

Jerónimo de Sousa alertou para o perigo que representam as encostas e escarpas sem vegetação, agora que se aproxima o inverno, numa zona de orografia bastante acidentada.

“Sabemos que algo está a ser feito, mas aquilo que vimos demonstra o muito que há para fazer, particularmente no plano das medidas mais emergentes”, advertiu, lembrando a importância de evitar que medidas provisórias se transformem em definitivas.

Segundo o secretário-geral do PCP, o Orçamento do Estado para 2017 é um “momento importante” para se concretizarem apoios eficazes, já que “adiar para o dia de ‘São Nunca’ à tarde não resulta”.

Jerónimo de Sousa manifestou-se, por outro lado, preocupado com o facto de não ter sido ainda desbloqueada qualquer ajuda por parte da União Europeia.

“Imediatamente após os incêndios, nós colocámos na União Europeia duas perguntas muito concretas em relação a fundos disponíveis para acudir a estas situações e a inexistência de qualquer resposta não constitui um bom sinal”, alertou.

O dirigente comunista prometeu, no entanto, insistir, tendo em conta que a situação é “excecional” e, por isso, são precisas medidas excecionais.

“Da parte do PCP, na Assembleia da República, na Assembleia Regional, no Parlamento Europeu, poderemos dar o contributo máximo que esteja dentro das nossas possibilidades, para impedir que a catástrofe se repita e se agrave”, afirmou.

Os incêndios da segunda semana de agosto afetaram sobretudo o concelho do Funchal, onde morreram três pessoas, mas também os municípios da Calheta, Ponta do Sol e Santa Cruz, sobretudo ao nível florestal. No total, os prejuízos foram avaliados em 157 milhões de euros.