Crónica Urbana: que solução para os sem-abrigo?

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Rui Marote

A nossa cidade continua a aumentar cada vez mais, e a exibir em diversas áreas precisamente uma das mais tristes vistas das grandes urbes: os sem-abrigo. Um flagelo cada vez mais sem solução à vista. Trata-se de pessoas que são marginalizadas pelas demais, que se encontram nas franjas da sociedade, mas ao mesmo tempo que se auto-marginalizam devido aos vícios do alcoolismo e das drogas.

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É vê-los durante o dia sentados junto à zona das floristas na Rua do Aljube, no Largo do Phelps, Rua do Carmo e no Mercado dos Lavradores, por vezes caídos no chão na embriaguez mais profunda. À noite, alguns pernoitam à porta dos serviços governamentais, nomeadamente da Secretaria Regional da Agricultura e Pescas. Têm já ali lugar cativo. Montam e desmontam a ‘casa’. Durante o dia, os “guarda-fatos” dos seus pertences pessoais ficam exibidos nas portas do ex-Golden Gate, um café de boa memória e que por seu turno, hoje fechado, é um símbolo da crise.

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À noite, organizações caritativas fornecem-lhes alimentação e até roupas. Lamentavelmente, o vinho, esse “amigo” de quem aparentemente perdeu tudo na vida, nunca falta. Circula em copos de plástico ou até de garrafa à boca entre homens e mulheres.

Também há quem durma nas proximidades do túnel da Sá Carneiro, ao relento, embrulhado num cobertor ou em caixas de cartão. Os ruídos da marina e do porto não acordam. Apenas o apito do Lobo Marinho funciona como despertador… um aviso de que está na hora de se levantar.

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Quantos são estes sem-abrigo? A Segurança Social terá os seus números actualizados? Sabe as causas? Existe solução?

O próprio Estado por vezes alimenta o vício. É dar algum dinheiro e “desenrasca-te”. É o mesmo que dar uma cana e não ensinar a pescar.

A Região poderia reduzir a percentagem de sem-abrigo – que se sabe que é um problema sem resolução fácil – chamando as pessoas que recebem subsídio do Estado a sujeitar-se a um tratamento voluntário aos vícios, do álcool ou outros. No caso de não aceitarem, é cortar essa verba. Isso seria um primeiro passo para ajudar à sua integração. Desintoxicado sempre se consegue raciocinar melhor e dar os passos necessários para melhorar de situação… E o passo seguinte poderia ser reintegrá-los no mundo do trabalho, eventualmente através de serviços de jardinagem ou limpeza, consoante as suas habilitações. Sabe-se que não é fácil. Mas há que fazer alguma coisa. Temos de acabar com estas bolsas de pobreza. Não basta que as instituições de caridade dêem uma refeição e algumas roupas… é preciso mais.