Crónica urbana: Só se lembram de Santa Bárbara quando dá trovões

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Rui Marote

Como um vulcão aparentemente adormecido mas que, quando começa a dar sinais de actividade, pode a qualquer momento entrar em erupção, este prédio parecia prestes a colapsar. Alertámos mais de uma vez, mas os nossos alertas publicados no Funchal Notícias caíram nas orelhas moucas da Protecção Civil e da Câmara do Funchal.

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Cerca de 15 minutos antes passámos no local, trajecto que percorremos quatro ou cinco vezes ao dia. Até estivemos em conversa com um comerciante das redondezas a cerca de cinco metros da “bomba relógio”.

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Agora, o edifício já colapsou no interior e ameaça ruir, enquanto a Protecção Civil finalmente vedou o acesso à zona da Rua da Carreira onde se situa o prédio.

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É caso para dizer: “Casa roubada, trancas à porta”. Agora temos a rua interdita, com consequências para um supermercado que iria abrir portas amanhã, uma agência de viagens, o prédio da Ordem dos Engenheiros, um agente de viagens, uma loja de souvenirs… todos obrigados a encerrar. Na Rua do Surdo, também foi evacuado um edifício onde funciona uma residencial e encerrada uma loja de comércio. O edifício ‘Caju’, propriedade de emigrantes na Venezuela, já tem projecto aprovado pela Câmara e estava previsto entrar em obras nos finais de Agosto.

O que escrevemos sobre o edifício, alertando e ilustrando com várias fotos: 

8 de Fevereiro, 2015:

Perigo de derrocada
O edifício Caju, na esquina da Rua da Carreira com a Rua do Surdo, que chegou a ser um supermercado, está em perigo de derrocada. O imóvel poderá desmoronar-se a qualquer momento. É um prédio oco: somente as paredes exteriores se encontram de pé, sem qualquer travamento das mesmas. Os automóveis que circulam naquela via vão estremecendo o edifício.

21 de Abril, 2016

Prédio Caju é “bomba relógio”: Câmara não resolve, Proteção Civil alertada
Há um adágio bem conhecido nestes termos: “Quem avisa, meu amigo é”. Há 15 meses, o  Funchal Notícias alertou para os perigos iminentes no edifício Caju, onde funcionou em tempos o “Supermercado Caju”, localizado na Rua da Carreira, na esquina com a Rua do Surdo.

O alerta ficou, porém sem intervenção das entidades competentes, quiçá a aguardar a derrocada e lamentar as vítimas, num período de chuva e vento que tende a apressar o colapso de estruturas manifestamente seguras quanto mais as débeis. Sem exagero, podemos afirmar que ali existe “uma bomba relógio” e que se impõe a intervenção oficial.

O FN recorda este processo. Com o encerramento do Supermercado Caju, os proprietários do prédio resolveram demolir os andares interiores  para que fosse deitadas lajes em todos os pisos. Como se diz de forma corrente, o prédio ficou sem “miolo” e a sua sustentabilidade é assegurada apenas pelas quatro paredes não escoradas. Entretanto, a obra foi abandonada.

Com o tráfego intenso que se faz sentir diariamente na Rua do Surdo, as implicações estão à vista. Por exemplo, quem esteja nas proximidades desde cruzamento Carreira/Surdo é notório sentir e ver o edifício “tremer” com tanto bulício e fragilidade do mesmo.

São centenas de transeuntes residentes  e estrangeiros  que por ali passam sem se aperceberem da “bomba relógio” que ali espreita e que a qualquer momento pode explodir. As imagens deverão dar que pensar a entidades idóneas e com responsabilidades de intervenção nestas matérias, como a Câmara Municipal do Funchal e o Serviço Regional de Proteção Civil. Quem sabe vedar a área e quiçá fechar o trânsito na Rua do Surdo? Saberão melhor as entidades competentes optar pela alternativa mais adequada ao interesses daqueles que os elegeram.

Recentemente, o FN divulgou que o edifício tinha sido vendido uma vez que os proprietários residentes na Venezuela eram de difícil localização, entre obviamente outros factores. No mês passado, demos conta de que o prédio tinha sido vendido e iria nascer um hostel no mesmo espaço.

Neste momento, o cenário que se apresenta aos munícipes não é nada agradável e faz recear pela segurança pública.