“Bota aí a cabeça do bandido”…

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Rui Marote

Na gíria brasileira, a expressão ‘Bota aí a cabeça do bandido!” é um chavão usado frequentemente nas cadeias de televisão que fazem cobertura de acontecimentos criminais. A intenção é expor o prevaricador perante a sociedade. Faz nove meses e um dia que o Funchal Notícias esteve em Chisinau, capital da Moldávia, e assistiu aos protestos do povo desta República da Europa de Leste, com manifestações nas ruas.

As suas reivindicações foram atendidas e o primeiro-ministro Vlad Filat foi condenado a nove anos de prisão por corrupção e abuso de poder. Os tribunais ordenaram igualmente a penhora de todos os bens pessoais do mesmo, assim como a interdição de exercer um cargo político nos próximos cinco anos.

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A justiça foi célere neste país, um dos mais pobres da Europa. Foi descoberta uma fraude bancária de gigantescas proporções: mais de mil milhões de dólares desapareceram de bancos moldávios e, de acordo com relatos que recolhi nessa capital, terão beneficiado, entre outros, um homem de negócios de 28 anos, Ilan Shor, próximo do primeiro-ministro.

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Sabe-se que muito do dinheiro que “sumiu” dos bancos moldavos passou por companhias britânicas. O desaparecimento de quantias desta natureza desvalorizou significativamente a moeda do país e espoletou protestos públicos aos quais assistimos e que fotografámos. Notícias publicadas a 2 de Novembro de 2015. Quatro bancos foram, então, encerrados.

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Na altura, o primeiro-ministro Ilan Shor afirmou-se inocente. À frente destes protestos estava o movimento ‘Dignidade e Justiça”. Tratava-se de uma plataforma de jornalistas, advogados e outras figuras públicas, que apelavam à desobediência civil.

A justiça não morreu solteira, e os tribunais foram rápidos numa nação das mais pobres da Europa.

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Estes acontecimentos comportam, naturalmente, algumas semelhanças com os casos BPN, Espírito Santo, Banif e outros, que abalaram o nosso sistema bancário. E fazemos parte da União Europeia. Mas em Portugal, é este o jeito de governar da “garotada”. Brincam com a cara do povo, e dele fazem e desfazem. Em Portugal, o que mais conta é a “obra” feita. Honestidade sem “obra” feita é política morta. E a “obra” parece ser tudo o que interessa, mesmo que para a concretizar seja usado todo o tipo de expedientes.

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