A exposição de artes plásticas ‘Encher o mar’ junta, no Teatro Municipal Baltazar Dias, de 6 a 31 de Maio, os nomes de Eurico de Sousa com Alice de Sousa e Carmen.

Com inauguração aprazada para as 18 horas do dia 6, esta exposição surge na sequência de outras mostras colectivas anteriores, com motivações, temáticas e participantes que foram mudando ao longo do tempo, mas sempre com um denominador comum: o Teatro Municipal Baltazar Dias como local de encontro.

Recordemos algumas delas: em 1982, a exposição de artistas madeirenses (pintura, escultura e cerâmica) juntou Gil Bazenga, Alice Sousa e Franco Fernandes; em 2007, a mostra ‘Risco’ agregou Alice Sousa, Carmen e Carlos Valente; já em 2010, ‘Hortus Deliciarum’ reuniu Alice Sousa, Carmen, Teresa Jardim e José Manuel Gomes; em 2013, ‘Atelier Portátil’ juntava novamente vários nomes conhecidos do panorama das artes plásticas na Madeira, nomeadamente Alice Sousa, Carmen, Domingas Pita, Graça Berimbau, Mafalda Gonçalves e Teresa Jardim.

Esta exposição que agora será inaugurada, ‘Encher o mar’, nasce, de acordo com as intervenientes, em torno de Eurico de Sousa, e nela participam Carmen e Alice Sousa, como já referimos.

Na concepção e montagem desta mostra colaboraram as artistas Teresa Jardim, Graça Berimbau e Mafalda Gonçalves.

Já de Eurico de Sousa, são evidenciados nesta mostra os desenhos e pinturas a guache e colagens, obras que este autor desenvolveu paralelamente à escrita. Algumas peças foram criadas para ilustrar os seus próprios poemas, do livro ‘Disgrafia florestal’.

O título desta exposição é inspirado num poema de Eurico de Sousa, do livro ‘A Festa Sendo em Agosto’, no qual uma das estrofes reza assim: ‘Para encher uma fonte/ para defender o mar/ convém não andar longe’.

Sublinha Alice Sousa que o mar é o mote e o elo de ligação entre os três artistas que participam na exposição, com diferentes formas de aproximação e ligação.

Eurico de Sousa (1933-2015) desde cedo colaborou com as actividades teatrais, ainda no liceu, elaborando cenários e trabalhos para a revista ‘Presente’, que também dirigiu. Arquitecto, entrou primeiro para medicina, em Coimbra, em 1952. No ano seguinte é que se mudou para o Porto para estudar arquitectura. Conviveu com vultos importantes da cultura como Herberto Helder, António Aragão e Jorge Sumares, Edmundo de Bettencourt e Marcelo Costa. Colaborou com a revista Búzio (1956) nas diligências de edição com Herberto Helder e com o editor, António Aragão. Neste caderno literário colaboraram Edmundo de Bettencourt, David Mourão-Ferreira, Eurico de Sousa, Esther de Lemos, Herberto Helder, Jorge Sumares e J. Escada, além de António Aragão.

Esteve em Caracas, Venezuela, e depois no Brasil (São Paulo), com Alice Sousa. No Rio de Janeiro, frequentou o curso de Arquitectura. Mais tarde, de regresso a Lisboa, finalmente terminaria este grau académico, depois de muitos percalços causados por doença. De regresso à Madeira, trabalhou como arquitecto na Câmara do Funchal e foi docente até à aposentação. De saúde frágil, desenvolveu durante a sua vida actividade na escrita, sobretudo na poesia. Só mais tarde compilou o seu trabalho em publicações, ‘A Festa Sendo em Agosto’, edição Eco do Funchal, ilustrações de Alice Sousa, 1980; e ‘Disgrafia Florestal’ (1995, poesia e ilustração, edição DRAC). Colaborou ainda em colectâneas e manteve na RDP um programa de divulgação e reflexão da poesia. Realizou várias exposições e colaborou em exposições de poesia ilustrada, organizadas pela Associação de Escritores da Madeira e pela Circul’Arte, das quais foi associado.

Carmen, por seu turno, é uma bem conhecida artista plástica, nascida em 1950 no Funchal. Iniciou o curso na ESBAL e concluiu a licenciatura em Escultura na antiga Academia de Música e Belas Artes da Madeira. Foi professora de artes visuais. O seu currículo regista  a participação em inúmeras colectivas, e a execução de várias medalhas colectivas para diferentes entidades.

Por seu turno, Alice Sousa, irmã de Eurico, nasceu no Funchal em 1937. Estudou no curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, e concluiu o curso da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1963. No ano seguinte obteve a medalha de ouro no Curso de Premiação. É professora aposentada de Artes Visuais. Realizou, ao longo do seu percurso, seis exposições individuais e participou em muitíssimas colectivas. Foi distinguida em vários concursos.